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FUTEBOL
Jogar mal com classe
TOSTÃO
COLUNISTA DA FOLHA
Hoje, contra a Bolívia, Ronaldinho Gaúcho deve fazer
a função do Kaká, e Adriano, formar a dupla com Ronaldo no ataque. Adriano é agora o primeiro
reserva de Kaká e dos dois Ronaldos. Alex é a outra opção para o
lugar de Kaká.
Adriano é um atacante excepcional, pode fazer uma boa dupla
com Ronaldo, mas, na ausência
do Kaká, prefiro Alex e os dois
Ronaldos. A equipe manteria o
estilo com dois meias atacantes e
um centroavante. Ronaldinho
Gaúcho e Alex se entendem muito
bem, finalizam com eficiência e
possuem um passe rápido e surpreendente, o que facilitaria para
Ronaldo.
Parreira disse várias vezes que,
no time titular, Ronaldinho Gaúcho é atacante, e Kaká, meia de ligação. Pela lógica do técnico, teria de entrar um atacante (Adriano) no lugar do Ronaldinho Gaúcho. Mas os dois são completamente diferentes. Na Copa de
2002, o time tinha também dois
meias (Rivaldo e Ronaldinho
Gaúcho) e um centroavante.
Parreira afirmou ainda que foram muito bem as duplas de centroavantes formadas por Ronaldo
e Luis Fabiano, nas eliminatórias,
e Adriano e Luis Fabiano, na Copa América. Não foi o que vi.
Adriano e Ronaldo atuaram bem
individualmente, porém as duplas não funcionaram, e Luis Fabiano jogou muito aquém do que
se esperava.
Com três volantes e dois centroavantes, o time fica lento, previsível, e o meia, muito sobrecarregado. Contra a fraquíssima Bolívia, que vai jogar só na defesa,
isso não será problema. Edu e Juninho terão todas as chances de
chegar ao ataque.
Mesmo sozinho na ligação com
o ataque, dois de cada três gols do
Brasil na Copa América saíram
dos pés de Alex. Mas Parreira gostou mais de Edu, que só tocou a
bola para o lado, com elegância.
Como escreveu anos atrás o grande cronista João Maximo, há atletas que atuam mal com classe.
Robinho é outra opção. Além de
ser mais um reserva de Ronaldinho Gaúcho no ataque, ele poderia atuar no lugar de Zé Roberto,
não para fazer a mesma função
nem para jogar como no Santos.
Ele atuaria com liberdade, mais
pela esquerda, marcando e atacando. Os que acham isso impossível são os que só conhecem e repetem o discurso dos treinadores.
É a mesmice no futebol.
Se Robinho entrasse no lugar de
Zé Roberto, o que nunca vai
acontecer, teoricamente melhoraria o ataque e pioraria a defesa,
sem a presença de um terceiro volante, pela esquerda. Talvez nem
isso aconteça, porque Robinho é
leve, esperto e rápido para antecipar e desarmar. Na seleção titular, mesmo jogando bem, ele seria
um coadjuvante, o que lhe daria
tempo para evoluir e se destacar.
Para ficar mais claro sobre o
que escrevi na coluna anterior, a
seleção brasileira é a melhor do
mundo porque tem mais craques.
Mas gosto mais do estilo da Argentina, que associa correria e
forte marcação com ofensividade
e habilidade. O Brasil e as outras
seleções jogam um futebol mais
equilibrado, cadenciado e também eficiente. O ideal seria utilizar as duas opções, de acordo com
o momento.
A seleção brasileira pode melhorar muito. A insatisfação permanente de Bernardinho com o
time de vôlei, durante anos, foi
fundamental para a equipe ganhar a medalha de ouro e fazer
exibições espetaculares. Pelos craques que tem, a seleção de futebol
pode fazer o mesmo.
Zinho, Dimba e Romário
Dos times do Brasileirão, o Corinthians foi o que mais evoluiu.
Saiu da zona de rebaixamento
para o oitavo lugar e está sete
pontos atrás do líder. Não será
mais surpresa se a equipe terminar entre as primeiras.
O Corinthians tem hoje um time organizado, confiante, aguerrido e com uma boa marcação.
Falta melhor qualidade individual, como nas outras equipes.
Coletivamente, o Corinthians parece o Grêmio, quando era dirigido pelo Tite, que foi campeão da
Copa do Brasil em 2001. A final
foi contra o Corinthians, comandado por Vanderlei Luxemburgo.
Outro time que melhorou pouco
no campo e muito na tabela foi o
Flamengo. Para isso, foram importantes as contratações de
Dimba e, principalmente, o retorno de Zinho. O meia, além de pé-quente e solidário, organiza a
equipe. É o segundo técnico.
Dimba quase não participa do
jogo, mas sabe bater pênalti e se
colocar para empurrar a bola para as redes. Parece o Romário dos
tempos atuais.
E-mail
tostao.folha@uol.com.br
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