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Em crise, todos os fundadores do Clube dos 13 têm bens penhorados como garantia para dívidas
Justiça deixa clubes de futebol no prego
FERNANDO MELLO
DO PAINEL FC
PAULO COBOS
DA REPORTAGEM LOCAL
O futebol pentacampeão mundial está no prego. Os clubes mais
populares e ricos do país têm hoje
ou já tiveram bens penhorados
para o pagamento de dívidas.
Todos os times que há 16 anos
fundaram o Clube dos 13 colocaram patrimônios móveis ou imóveis como garantias de pagamento de débitos cobrados na Justiça.
Dos atuais 20 membros, apenas
o Goiás não teria bens penhorados. Pelo menos não admite.
Levantamento feito pela Folha
com clubes, sindicatos de atletas,
advogados e varas de execução
mostra que, sem dinheiro, os clubes estão disponibilizando até os
maiores símbolos de sua história
para satisfazer credores.
A enxurrada de penhoras acontece justamente no período de
maior crise financeira da história
do futebol nacional. Com as receitas de TV e de bilheteria cada vez
mais baixas e já sem o tradicional
artifício de fazer caixa com a venda de passe de atletas, os clubes
estão sem dinheiro para saldar
milionárias dívidas com Receita
Federal, INSS, ex-funcionários,
ex-atletas e ex-treinadores.
Quando são acionados judicialmente, têm que apresentar garantias de que podem saldar as dívidas. Antes, costumavam oferecer
os contratos de transmissão de
TV, sua principal fonte de receita.
O problema é que a fila dos processos é tão grande que há clubes
com a receita penhorada até 2008.
Os credores normalmente apelam ao bloqueio das rendas dos
jogos, prática mais segura, mas
que os clubes evitam ao máximo,
oferecendo bens imóveis. Outra
ação recorrente é localizar contas
nos nomes das entidades e pedir o
bloqueio -estratégia que credores chamam de "penhora online",
via Banco Central.
Para driblar a indisponibilidade
de dinheiro vivo, as associações
passaram a oferecer bens imóveis,
principalmente estádios e sedes
sociais. Nas causas menores, os
objetos de penhora mais comuns
são carros e ônibus antigos.
O fato de um clube oferecer patrimônio para pagar uma dívida
não significa que ele vá perdê-lo.
Na maioria dos casos, os objetos
de penhora são dados apenas para postergar o pagamento da dívida. Quando um clube como o Corinthians empenha uma parte do
Parque São Jorge, cria dificuldades para seus credores -não é fácil encontrar compradores.
As agremiações também têm
até o leilão para liquidar a dívida.
Então, depositam o dinheiro em
juízo e sustam a penhora, em uma
ciranda financeira que, se não resolve, empurra para a frente.
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