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FUTEBOL
Em São Paulo, caso mais problemático é o da Lusa, encalhada na Série B e que deve R$ 18 milhões só para o INSS
Clubes penhoram até bombas de piscinas
DO PAINEL FC E
DA REPORTAGEM LOCAL
Troféus, estádios, holofotes,
equipamentos de fitness, elevadores, bombas de piscina e obras de
arte. Já foi o tempo em que os clubes limitavam-se a oferecer suas
sedes e estádios para garantir o
pagamento de dívidas judiciais.
O propalado caso recente da penhora, pelo Corinthians, de uma
parte do Parque São Jorge é só a
ponta de um iceberg desconhecido pela maioria dos torcedores.
O próprio Corinthians ofereceu
cadeiras cativas do estádio Alfredo Schurig para saldar uma dívida com Dinei -bem que foi descartado pelo único tricampeão
brasileiro da história corintiana.
"Estão massacrando os clubes.
Não há quem aguente", reclama
Sérgio Grassini, advogado corintiano. "O Luizão aceitou a penhora do Parque São Jorge porque
não seria certo bloquear as contas
do Corinthians e inviabilizar o pagamento a colegas dele", retruca a
advogada Gislaine Nunes, que
trabalha também para o Sindicato
dos Atletas Profissionais de SP.
O Palmeiras, um dos maiores
devedores do INSS entre os clubes, teve penhorada uma das torres de holofotes do Parque Antarctica em ação movida por um
ex-jogador (na maioria dos casos,
os nomes dos autores das ações
não podem ser identificados). Em
agosto, o clube teve todas as rendas de bilheteria bloqueadas para
saldar dívida com a Receita.
Mas, entre os paulistas, o caso
mais emblemático é o da Lusa,
que vai continuar na Série B e deve R$ 18 milhões apenas ao INSS.
O órgão estuda pedir a penhora
do Canindé, uma vez que é notória a crise financeira do time.
"Não tem mais o que penhorar.
Por isso, bloqueamos os equipamentos de ginástica e o maquinário das piscinas do Canindé", afirma Gislaine, advogada que detém
a maior parte dos casos de litígio
entre atletas e clubes no Estado.
Situação parecida vive o futebol
carioca. "Penhorar não é difícil. O
difícil é transformar a penhora em
dinheiro", declara Iara Macedo,
advogada do sindicato dos jogadores do Rio de Janeiro.
O Botafogo já teve penhorada
sua sede social para pagamento
de dívidas. O Fluminense tentou,
mas não pôde oferecer o estádio
de Laranjeiras, considerado patrimônio cultural. O clube, então,
chegou a penhorar bombas de
piscinas e quadros de seu acervo
para quitar dívidas trabalhistas.
O Vasco usa tática diversa. Nas
ações interpostas por torcedores
feridos na queda de um alambrado na final da Copa João Havelange, em 2001, o clube disponibiliza
algumas de suas 43 casas localizadas ao redor do estádio para garantir o pagamento. São Januário
também foi penhorado no caso
Dener, mas, após acordo com a
família do jogador morto em
1994, não está mais no prego.
O Flamengo utiliza apartamentos como garantia -unidades de
um prédio no Aterro, zona sul do
Rio. Os rubro-negros ainda ofereceram à Justiça alguns dos mais
valiosos e simbólicos troféus de
sua história. As relíquias garantiram a quitação de dívidas com até
200 credores, segundo o Departamento Jurídico do clube.
No RS, o Inter penhorou um
elevador do Beira-Rio, e o Grêmio, o restaurante do clube.
O Atlético-MG conseguiu preservar sua taça mais importante.
O ex-jardineiro do clube José Luiz
Boaventura dos Santos solicitou à
Justiça do Trabalho a penhora do
troféu do Brasileiro-71 e as camisas usadas pelos mineiros na final.
Mas o juiz indeferiu o pedido.
Se salvaram a taça, os alvinegros
correm o risco de ficar sem sua sede social, empenhada em diversos
processos. Até o técnico da seleção brasileira, Carlos Alberto Parreira, que passou por lá em 2000,
processa o clube: cobra R$ 250 mil
do Atlético-MG e pleiteou a penhora do centro de treinamento.
Mesmo o líder do Nacional, tido
como um oásis entre os clubes,
provou da angústia de empenhar
um bem. O Cruzeiro teve 5% de
suas receitas bloqueadas na Justiça para pagar o América-MG pela
transação do lateral-direito Evanílson para o futebol alemão, em
99.
(FERNANDO MELLO E PAULO COBOS)
Colaborou Guilherme Roseguini, da
Reportagem Local
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