São Paulo, domingo, 07 de julho de 2002 |
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Valorizados pelo penta, atletas brasileiros encontram mercado retraído Europa tenta driblar crise com troca-troca
EDUARDO ARRUDA RODRIGO BERTOLOTTO DA REPORTAGEM LOCAL Rivaldo por Crespo; Cafu por Davids; Coco por Seedorf; Vieri por Shevchenko; Emre por Killy González. Parece uma inocente troca de figurinhas, mas não é. A permuta de atletas, antes uma alternativa secundária, virou regra na temporada de contratações de uma Europa retraída pela queda na receita vinda da televisão. Tal é a mania que o Milan, atrás do francês Thuram, já ofereceu uma troca pelo português Rui Costa ou o brasileiro Serginho. ""Scambio", em italiano, ou ""intercambio", em espanhol, viraram palavras de ordem, e só o futebol inglês pode dar algum movimento a esse mercado, que se fecha no início de setembro, quando os campeonatos começam. A esperança é que o Manchester United, time mais rico do mundo, saia às compras, seja atrás de Roberto Carlos, Ronaldinho ou Thuram. Mas o time britânico é membro do G-14, grupo dos maiores clubes do continente, cujas reuniões mais recentes giraram em torno do tema ajuste econômico. As transferências caudalosas de 2001, como a de Zidane para o Real Madrid (US$ 66 milhões), que antes eram uma tendência, são vistas como excentricidade. Até o momento, só contratos com teto de US$ 8 milhões estão saindo. É o caso do espanhol Guardiola para a Roma, ou de Marcos Assunção para o Betis. A oferta de US$ 12 milhões do Barcelona pelo meia Riquelme, do Boca, é uma exceção. É esse cenário que recebe os jogadores brasileiros, valorizados pela conquista do pentacampeonato na Copa da Coréia/Japão. O exemplo mais emblemático é o de Ronaldo, artilheiro do Mundial, redimindo-se de temporadas de contusões e fracassos. O presidente da Inter, Massimo Moratti, chegou a falar que só negociaria o jogador por US$ 98 milhões, respondendo ao assédio do Real Madrid. Em férias no Rio, o brasileiro preferiu desconversar: ""Agora todos me querem". A Copa do Mundo sempre foi vista como uma vitrine traiçoeira para os clubes. Um caso clássico é o do romeno Hagi, que brilhou no Mundial dos EUA-94, conseguiu contrato com o Barcelona, mas logo voltou a mercados de segunda ordem, como o da Turquia. Fiar-se em cinco ou seis atuações de uma Copa pode não ser a melhor idéia. Esse, porém, não é o caso de Ronaldinho, que já vinha impressionando por suas jogadas no Paris Saint-Germain. Os problemas no clube francês (é propriedade da Vivendi, conglomerado em crise) devem provocar sua saída da França. Toda a Europa parece se adequar a um figurino alemão, que adotou a contenção há uma década -é bom lembrar que o atacante França, nova atração do Bayer Leverkusen, custou US$ 8,5 milhões para os cofres do clube. Até 2000, o mercado futebolístico na Europa ia em um crescendo, apoiado nas receitas com os contratos de transmissões e na venda antecipada de ingressos. Mas o otimismo deu lugar às incertezas, com o retorno das TVs escasseando, enquanto surgia a cada ano um recorde histórico de transferência. Ronaldo, Figo e Zidane alavancaram essas cifras. De US$ 32 milhões pelo brasileiro em 1997 foi-se para os US$ 56 milhões pelo português em 2000 e, finalmente, para US$ 66 milhões pelo francês em 2001. Agora, um remoto passado recente. Texto Anterior: O que ver na TV Próximo Texto: Em alta: Brasileiros viram sonho Índice |
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