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250 mil primos de Deng
A SEDE do governo chinês é impenetrável. Nada como a Casa Branca
ou o Palácio do Planalto. A TV
jamais mostra imagens externas dos palácios e lagos de
Zhongnanhai, o fortificado
complexo que é sede do Partido
Comunista e onde moram os
grandes dirigentes da China.
O conjunto é colado à Cidade
Proibida (o nome diz tudo), onde também se escondia a família imperial chinesa.
No início da Revolução Comunista, Mao Tse-tung quis
reinventar o país. Acabou com
a propriedade privada e até tentou destruir a família, convocando filhos a delatar seus pais
por "atitudes burguesas".
Mas o exercício de poder permaneceu intacto. Monarcas e
líderes comunistas têm o menor contato possível com a plebe extramuros. A mídia chinesa
é proibida de falar de qualquer
aspecto da vida privada do presidente, Hu Jintao.
Apesar de secreto, a manifestação de poder é sentida em toda a cidade. O gigante retrato
de Mao na entrada da Cidade
Proibida mostra qual é a dinastia que está no trono.
As principais construções
olímpicas foram erguidas na
mesma direção dos palácios
imperiais. A cidade de Pequim
é dividida em anéis, que se expandem a partir da Cidade
Proibida, cujos contornos formam o primeiro anel.
Quando você tem de enfrentar um congestionamento terrível no terceiro ou quarto
anéis, é porque elevados e vias
expressas seguem essa geometria centralizadora.
Ser amigo do rei abre todas as
portas. Nove entre dez grandes
fortunas do país têm profundos
vínculos com o Partido Comunista. Vários colocam seus cargos no PC no cartão de visitas.
Na vida social de Pequim,
ainda cita-se com freqüência
parentesco com os grandes líderes chineses. Em todo jantar,
surge alguém gabando-se de
ser primo distante do reformista Deng Xiaoping. Pelos meus
cálculos, ele teve uns 250 mil
primos. Haja família.
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