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BWA, empresa que fabrica bilhetes magnéticos, faturou mais do que os clubes, que reclamam de crise, em 20 das 34 partidas do Estadual
Maior negócio do futebol paulista é fazer ingresso
FERNANDO MELLO
DO PAINEL FC
MARCUS VINICIUS MARINHO
PAULO COBOS
DA REPORTAGEM LOCAL
A instituição que mais ganha dinheiro nos jogos do futebol paulista não tem camisa, cartola, craque ou torcedor. Chama-se BWA
e fabrica bilhetes magnéticos.
Levantamento feito pela Folha
revela que a empresa, líder no setor esportivo, faturou mais que os
próprios clubes em 20 dos 34 jogos disputados no Estadual até
aqui. Em dois deles, toda a renda
gerada não foi suficiente para pagar o fabricante de entradas.
O problema está no custo por
ingresso, que é fixo, independentemente da quantidade vendida.
Pouca renda ou uma carga de bilhetes mal calculada agravam o
prejuízo dos times mandantes.
No total, a BWA ficou com 16%
de todo o dinheiro desembolsado
pelo torcedor paulista nos estádios em 2004. Em quatro rodadas,
a empresa ganhou R$ 181.523,00.
A tendência é que o faturamento
aumente bastante com o afunilamento do torneio e o esperado
aumento da carga de ingressos.
Indústria familiar com capital
social de R$ 3,5 milhões, a BWA
decolou com a fabricação de crachás funcionais no final da década
de 80. Entrou no futebol em 1992,
pelas mãos do São Paulo Futebol
Clube. Firmou-se como potência
nacional em meados da década
seguinte, por influência do padrinho Eduardo José Farah. Hoje,
possui quase um monopólio no
meio -tem convênios com mais
de 200 clubes e estádios no país.
Bruno Balsimelli, sócio-proprietário, é tido como uma espécie de eminência parda do futebol
brasileiro. Influente, possui uma
rede de aliados que vai de times
do interior à poderosa CBF.
Com a saída de Farah da Federação Paulista de Futebol, em
agosto do ano passado, o mercado chegou a especular um arrefecimento das relações da empresa
com a entidade. Em novembro,
porém, a BWA entrou na licitação
aberta pela nova administração.
Ofereceu entradas ao custo de R$
0,60 a unidade. Candidata única,
foi declarada vencedora.
Três semanas após o início do
torneio, os clubes pequenos já reclamam do preço da BWA. Com
os estádios vazios, vêem o pouco
dinheiro que arrecadam migrar
para Balsimelli, que argumenta:
"Os clubes são incompetentes".
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