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POLÍTICA
Às pressas, confederações fazem projetos para crianças carentes a fim de se adequar ao pensamento do novo governo
Por verbas, olímpicos investem no social
ADALBERTO LEISTER FILHO
EDUARDO OHATA
GUILHERME ROSEGUINI
DA REPORTAGEM LOCAL
A sinalização do governo eleito,
de que o provável Ministério do
Esporte e Lazer irá priorizar investimentos em projetos sociais,
já começa a fazer com que as confederações olímpicas se mexam.
Visando conseguir verbas oficiais a partir do próximo ano, entidades que comandam algumas
das principais modalidades do
país, como o judô, os esportes
aquáticos e o basquete, pretendem lançar seus projetos em 2003.
A CBJ (Confederação Brasileira
de Judô) aproveita a disputa de
competição em Salvador neste
fim de semana para discutir, entre
outros assuntos, a viabilidade da
realização de um projeto social.
""Várias federações estaduais já
trabalham com comunidades carentes. Vamos aproveitar a reunião para ouvi-las. Mas isso [a organização de programas sociais"
não é para ontem, necessita estudos", afirma Paulo Wanderley
Teixeira, 52, presidente da CBJ.
O dirigente reconhece que tal
iniciativa foi incentivada pelo fato
de Lula ter sinalizado na direção
de investimentos na área social.
""Não acho que o novo governo
irá privilegiar o lado social em detrimento do esporte de alto rendimento. Acredito que o novo presidente vai estar bem assessorado
e agir com equilíbrio", afirma.
A CBB (Confederação Brasileira
de Basquete) pretende lançar o
seu em maio do ano que vem. A
idéia do presidente Gerasime Bozikis, o Grego, é implantar núcleos de formação de atletas em
comunidades carentes. O projeto
começará em dez Estados, mas
sonha atingir 27 unidades da federação. Para 2003, o orçamento
deve ser de cerca de R$ 750 mil.
"A idéia é buscarmos parcerias
com os governos federal, estadual
e municipal. Vamos aproveitar os
programas já existentes de diversas federações. Além disso, utilizaremos nossos parceiros, como a
Penalty, que forneceria bolas e
material esportivo", disse Grego.
Apoiada pelos Correios desde
1991 -é uma das parcerias mais
longas do esporte amador-, a
CBDA (Confederação Brasileira
de Desportos Aquáticos) também
preparou um projeto social para
se adequar ao novo governo.
Batizado pelo presidente da entidade, Coaracy Nunes, de "Projeto Brasil Natação", o programa
prevê o atendimento a 600 mil
crianças carentes, que seriam
orientadas em 400 piscinas de
unidades do Sesi e do Sesc.
"Podemos iniciar o programa a
qualquer momento. Se depender
de projetos sociais, tenho certeza
de que ficaremos com o patrocínio", disse Nunes, que recebe R$
4,5 milhões anuais dos Correios.
Outras federações pretendem
assumir a coordenação de programas já existentes. Esse é o caso
da FBVM (Federação Brasileira
de Vela e Motor), que não possui
um projeto social, mas quer encampar o "Navegar", que ensina
crianças de baixa renda a velejar e
é coordenado pelo secretário nacional do Esporte, Lars Grael.
"Se já temos uma iniciativa boa,
não há necessidade de se quebrar
a cabeça e se pensar em outra",
afirmou Walcles de Alencar Osório, presidente da FBVM.
Alguns empreendimentos são
antigos, mas ainda não foram viabilizados por questões burocráticas. Os dirigentes da CBC (Confederação Brasileira de Canoagem)
tentam, há dois anos, pôr em prática o seu programa.
""Nosso projeto "Canoagem Solidária" ainda depende da aprovação do Conanda [Conselho Nacional de Defesa dos Direitos da
Criança e do Adolescente] para
que possamos arrecadar recursos
com empresas mediante abatimento no Imposto de Renda",
queixa-se o diretor técnico da
CBC, Paul Justin Imbriaco, 27.
O projeto prevê o favorecimento a 9.000 crianças, que seriam
atendidas em 64 núcleos espalhados por 16 Estados. As prefeituras,
forneceriam estrutura física,
transporte e alimentação.
""É preciso seis meses para fazer
um projeto pequeno, com até 30
unidades. Sem contar os problemas burocráticos", diz Imbriaco.
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