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São Paulo, domingo, 09 de março de 2003

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FUTEBOL

História das mil e uma noites

RODRIGO BUENO
DA REPORTAGEM LOCAL

A Fifa anunciou muitas decisões nesta semana. As principais (Copa na América do Sul em 2014 e possível aumento no número de seleções) já ganharam bom espaço na mídia. Nesta coluna, esses e outros temas serão lembrados, mas uma atenção maior será dada ao Mundial júnior dos Emirados Árabes, que foi adiado e cuja história real é quase das "mil e uma noites".
A iminente guerra no Oriente Médio já é iminente há tempos. A decisão de adiar o evento foi uma saída pela tangente da Fifa, pois o torneio poderia mudar de sede (o Japão estava de prontidão). Ocorre que o Mundial sub-20 deste ano é o primeiro torneio da Fifa a ter o país-sede metido no marketing. Antes, a entidade não abria mão de cuidar sozinha dessa área em suas competições, mas um xeque, Saeed Bin Zayed Al Nahayan, explora o Mundial-2003.
Nas últimas semanas, um pouco antes de o suíço Joseph Blatter receber em Nova York uma espécie de "Nobel da Paz", a Fifa destacou a tranquilidade e a felicidade da seleção júnior dos EUA na preparação para o Mundial. Agora, membros do time norte-americano agradecem o adiamento.
A situação era tão tensa no Oriente Médio quanto agora, mas o Mundial era vendido como a coisa mais garantida do planeta. Vários grupos econômicos de Abu Dhabi e Dubai colocaram dinheiro na disputa e abraçaram a Fifa. No final de janeiro, por exemplo, a Emirates Airline tornou-se parceira da Fifa na Copa de 2006.
Em outros Carnavais, a Fifa optou pela troca de sede (até a Copa já trocou a Colômbia pelo México em 1986). A decisão de adiar o Mundial, que prejudicou o Brasil (a CBF pede uma indenização), entre outras, foi mais comercial que política (os maiores aliados de Blatter na Ásia são árabes).
Por falar em CBF (Ricardo Teixeira) e economia, a Fifa institucionalizou seu Comitê de Auditoria Interna. Agora, membros do Comitê Executivo (Ricardo Teixeira) não podem auditar as contas da entidade. Segundo a Fifa, é para o comitê ser independente (assumiu que não era). O brasileiro José Salim está no comitê.
Espertamente, Blatter está preparando o caminho para sair limpo e respaldado da presidência da Fifa. Em sua gestão, segurou a Copa na Ásia (já estava segura), levou o Mundial à África (teve atraso e escândalo) e agora assina a volta da Copa à América do Sul (poucos rodízios impediriam o torneio de vir para cá). O suíço tem feito bastante espuma (entram aqui perfumarias maiores que o aperto de mão obrigatório entre os atletas após as partidas).
Decisões óbvias parecem grandes cartadas. Decisões mais duras vêm acompanhadas de factóides. O "acordo" entre Fifa e Wada, por exemplo, é uma balela. O desejo mútuo de combater o doping é claro, mas os dois organismos tratam a questão de forma bem diferente. Quando o assunto é relação com outros esportes, a Fifa e Blatter sorriem, mas não dobram o braço (entendem mesmo que o futebol está acima de tudo e que os outros devem se curvar).
Foi só mais uma semana de encontros (risos) e decisões (como já havíamos falado antes...) na Fifa.

Mundial no Brasil
Pode se preparar. A Copa de 2014 será no Brasil. Julio Grondona, argentino que é o segundo homem-forte na Fifa hoje, deu a vez à CBF.

Mundial com 36 países
Nove grupos com quatro equipes cada um? É brincadeira!

Mundial de Clubes
A Fifa o colocou em 2005 para mostrar força à Uefa. Mas, se rolar mesmo, nada garante a presença dos clubes europeus.

Mundial sintético
O juvenil da Finlândia neste ano terá jogos em grama sintética, um marco em torneios organizados pela Fifa.

E-mail rbueno@folhasp.com.br



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