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FUTEBOL
História das mil e uma noites
RODRIGO BUENO
DA REPORTAGEM LOCAL
A Fifa anunciou muitas decisões nesta semana. As principais (Copa na América do Sul
em 2014 e possível aumento no
número de seleções) já ganharam
bom espaço na mídia. Nesta coluna, esses e outros temas serão
lembrados, mas uma atenção
maior será dada ao Mundial júnior dos Emirados Árabes, que foi
adiado e cuja história real é quase
das "mil e uma noites".
A iminente guerra no Oriente
Médio já é iminente há tempos. A
decisão de adiar o evento foi uma
saída pela tangente da Fifa, pois o
torneio poderia mudar de sede (o
Japão estava de prontidão). Ocorre que o Mundial sub-20 deste
ano é o primeiro torneio da Fifa a
ter o país-sede metido no marketing. Antes, a entidade não abria
mão de cuidar sozinha dessa área
em suas competições, mas um xeque, Saeed Bin Zayed Al Nahayan, explora o Mundial-2003.
Nas últimas semanas, um pouco antes de o suíço Joseph Blatter
receber em Nova York uma espécie de "Nobel da Paz", a Fifa destacou a tranquilidade e a felicidade da seleção júnior dos EUA na
preparação para o Mundial. Agora, membros do time norte-americano agradecem o adiamento.
A situação era tão tensa no
Oriente Médio quanto agora, mas
o Mundial era vendido como a
coisa mais garantida do planeta.
Vários grupos econômicos de Abu
Dhabi e Dubai colocaram dinheiro na disputa e abraçaram a Fifa.
No final de janeiro, por exemplo,
a Emirates Airline tornou-se parceira da Fifa na Copa de 2006.
Em outros Carnavais, a Fifa optou pela troca de sede (até a Copa
já trocou a Colômbia pelo México
em 1986). A decisão de adiar o
Mundial, que prejudicou o Brasil
(a CBF pede uma indenização),
entre outras, foi mais comercial
que política (os maiores aliados
de Blatter na Ásia são árabes).
Por falar em CBF (Ricardo Teixeira) e economia, a Fifa institucionalizou seu Comitê de Auditoria Interna. Agora, membros do
Comitê Executivo (Ricardo Teixeira) não podem auditar as contas da entidade. Segundo a Fifa, é
para o comitê ser independente
(assumiu que não era). O brasileiro José Salim está no comitê.
Espertamente, Blatter está preparando o caminho para sair limpo e respaldado da presidência da
Fifa. Em sua gestão, segurou a
Copa na Ásia (já estava segura),
levou o Mundial à África (teve
atraso e escândalo) e agora assina
a volta da Copa à América do Sul
(poucos rodízios impediriam o
torneio de vir para cá). O suíço
tem feito bastante espuma (entram aqui perfumarias maiores
que o aperto de mão obrigatório
entre os atletas após as partidas).
Decisões óbvias parecem grandes cartadas. Decisões mais duras
vêm acompanhadas de factóides.
O "acordo" entre Fifa e Wada,
por exemplo, é uma balela. O desejo mútuo de combater o doping
é claro, mas os dois organismos
tratam a questão de forma bem
diferente. Quando o assunto é relação com outros esportes, a Fifa e
Blatter sorriem, mas não dobram
o braço (entendem mesmo que o
futebol está acima de tudo e que
os outros devem se curvar).
Foi só mais uma semana de encontros (risos) e decisões (como já
havíamos falado antes...) na Fifa.
Mundial no Brasil
Pode se preparar. A Copa de 2014 será no Brasil. Julio Grondona, argentino que é o segundo homem-forte na Fifa hoje, deu a vez à CBF.
Mundial com 36 países
Nove grupos com quatro equipes cada um? É brincadeira!
Mundial de Clubes
A Fifa o colocou em 2005 para mostrar força à Uefa. Mas, se rolar
mesmo, nada garante a presença dos clubes europeus.
Mundial sintético
O juvenil da Finlândia neste ano terá jogos em grama sintética, um
marco em torneios organizados pela Fifa.
E-mail rbueno@folhasp.com.br
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