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São Paulo, domingo, 09 de março de 2003

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AUTOMOBILISMO

Para pilotos, categoria ainda vai demorar muito tempo para se adaptar às mudanças no regulamento

Nova F-1 cria surpresas e malandragens

FÁBIO SEIXAS
ENVIADO ESPECIAL A MELBOURNE

O primeiro final de semana da nova F-1 foi diferente. Ponto. E isso era tudo o que a FIA queria.
Independentemente do resultado do GP da Austrália, corrida que abriria o Mundial, na madrugada de hoje, a entidade máxima do automobilismo já comemorava os efeitos das mudanças nas regras antes mesmo da largada. "O novo formato de treinos é um sucesso", proclamava seu site oficial após a definição do grid.
Mudanças que não mexeram apenas com as posições na pista. Mas que também transformaram a rotina de mecânicos, dirigentes, pilotos e engenheiros... E que fizeram surgir as primeiras malandragens em cima das regras.
No paddock do circuito de Melbourne, duas opiniões ficaram bem evidentes. A primeira: as novidades foram benéficas para o público da F-1. A segunda: a categoria levará algumas corridas para se habituar à nova realidade.
"Ainda vai demorar muito tempo para a gente entender totalmente as novas regras. Na sala de imprensa, os repórteres fazem perguntas que a gente não sabe responder", disse Rubens Barrichello. "Essa única volta lançada dá uma friozinho a mais na barriga. Acho que o público gostou."
Antonio Pizzonia, um estreante, concorda: "Nessa primeira corrida, todos ficaram o tempo todo cheio de dúvidas. Isso só mudará daqui a umas quatro corridas."
"Acho que essa regra da única volta lançada foi positiva para a F-1. Mas a proibição ao reabastecimento causa algumas distorções", afirmou o engenheiro Mario Theissen, diretor da BMW.
Essas distorções ficaram bem claras no primeiro treino oficial do ano, na madrugada de ontem.
Nas três primeiras posições do grid, os mesmos de sempre: Michael Schumacher, Rubens Barrichello e Juan Pablo Montoya. Daí para trás, porém, as cartas ficaram embaralhadas, como quer Max Mosley, presidente da FIA.
Em quarto lugar, por exemplo, largaria Heinz-Harald Frentzen. Foi a melhor posição de um piloto da Sauber desde o GP da França de 1999, quando, em situação especial, debaixo de muita chuva, Jean Alesi ficou em segundo.
Olivier Panis foi o quinto, a melhor posição de largada da história da Toyota. Em sexto, veio Jacques Villeneuve, que não saía numa condição tão boa desde 2001.
Houve, também, o outro lado da moeda. O 17º lugar de Kimi Raikkonen no grid foi o pior resultado da McLaren desde 1997.
O advento do treino de uma volta lançada, com os pilotos entrando um a um na pista, ainda criou algumas situações novas. Como a que enfrentou Cristiano da Matta, atrapalhado por Nick Heidfeld, 0bastante lento, no momento em que abria seu giro rápido.
E, após o treino oficial, ficou clara, no paddock, a nova rotina dos sábados à tarde: ócio total.
Como a FIA agora proíbe ajustes nos carros entre a sessão classificatória e a largada, os mecânicos não têm mais o que fazer.
Nos boxes, bate-papos animados, descompromissados, substituíram o trabalho frenético - até o ano passado, era comum ver mecânicos virando as noites de sábado para deixar os carros em condições para o dia seguinte.
Por fim, como não poderia deixar de ser, a F-1 viu times tentando tirar vantagem das regras.
O maior exemplo foi a Minardi, que fez seus dois pilotos abortarem as voltas lançadas no treino oficial -sua "punição" seria largar da última fila, algo normal para a Minardi. Dessa forma, os carros não tiveram que passar a noite no parque fechado, como todos os outros 18 do grid.
Os mecânicos puderam trabalhar durante o sábado à tarde e a equipe pôde traçar sua estratégia para o GP sem as limitações de abastecimento e troca de pneus.
A Williams tentaria uma outra jogada na madrugada de hoje. O time planejava trocar o bico dos carros -com uma configuração específica para corrida- nos primeiros pit stops de seus pilotos.



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