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AUTOMOBILISMO
Para pilotos, categoria ainda vai demorar muito tempo para se adaptar às mudanças no regulamento
Nova F-1 cria surpresas e malandragens
FÁBIO SEIXAS
ENVIADO ESPECIAL A MELBOURNE
O primeiro final de semana da
nova F-1 foi diferente. Ponto. E isso era tudo o que a FIA queria.
Independentemente do resultado do GP da Austrália, corrida
que abriria o Mundial, na madrugada de hoje, a entidade máxima
do automobilismo já comemorava os efeitos das mudanças nas regras antes mesmo da largada. "O
novo formato de treinos é um sucesso", proclamava seu site oficial
após a definição do grid.
Mudanças que não mexeram
apenas com as posições na pista.
Mas que também transformaram
a rotina de mecânicos, dirigentes,
pilotos e engenheiros... E que fizeram surgir as primeiras malandragens em cima das regras.
No paddock do circuito de Melbourne, duas opiniões ficaram
bem evidentes. A primeira: as novidades foram benéficas para o
público da F-1. A segunda: a categoria levará algumas corridas para se habituar à nova realidade.
"Ainda vai demorar muito tempo para a gente entender totalmente as novas regras. Na sala de
imprensa, os repórteres fazem
perguntas que a gente não sabe
responder", disse Rubens Barrichello. "Essa única volta lançada
dá uma friozinho a mais na barriga. Acho que o público gostou."
Antonio Pizzonia, um estreante,
concorda: "Nessa primeira corrida, todos ficaram o tempo todo
cheio de dúvidas. Isso só mudará
daqui a umas quatro corridas."
"Acho que essa regra da única
volta lançada foi positiva para a F-1. Mas a proibição ao reabastecimento causa algumas distorções", afirmou o engenheiro Mario Theissen, diretor da BMW.
Essas distorções ficaram bem
claras no primeiro treino oficial
do ano, na madrugada de ontem.
Nas três primeiras posições do
grid, os mesmos de sempre: Michael Schumacher, Rubens Barrichello e Juan Pablo Montoya. Daí
para trás, porém, as cartas ficaram embaralhadas, como quer
Max Mosley, presidente da FIA.
Em quarto lugar, por exemplo,
largaria Heinz-Harald Frentzen.
Foi a melhor posição de um piloto
da Sauber desde o GP da França
de 1999, quando, em situação especial, debaixo de muita chuva,
Jean Alesi ficou em segundo.
Olivier Panis foi o quinto, a melhor posição de largada da história da Toyota. Em sexto, veio Jacques Villeneuve, que não saía numa condição tão boa desde 2001.
Houve, também, o outro lado
da moeda. O 17º lugar de Kimi
Raikkonen no grid foi o pior resultado da McLaren desde 1997.
O advento do treino de uma volta lançada, com os pilotos entrando um a um na pista, ainda criou
algumas situações novas. Como a
que enfrentou Cristiano da Matta,
atrapalhado por Nick Heidfeld,
0bastante lento, no momento em
que abria seu giro rápido.
E, após o treino oficial, ficou clara, no paddock, a nova rotina dos
sábados à tarde: ócio total.
Como a FIA agora proíbe ajustes nos carros entre a sessão classificatória e a largada, os mecânicos não têm mais o que fazer.
Nos boxes, bate-papos animados, descompromissados, substituíram o trabalho frenético - até
o ano passado, era comum ver
mecânicos virando as noites de
sábado para deixar os carros em
condições para o dia seguinte.
Por fim, como não poderia deixar de ser, a F-1 viu times tentando tirar vantagem das regras.
O maior exemplo foi a Minardi,
que fez seus dois pilotos abortarem as voltas lançadas no treino
oficial -sua "punição" seria largar da última fila, algo normal para a Minardi. Dessa forma, os carros não tiveram que passar a noite
no parque fechado, como todos
os outros 18 do grid.
Os mecânicos puderam trabalhar durante o sábado à tarde e a
equipe pôde traçar sua estratégia
para o GP sem as limitações de
abastecimento e troca de pneus.
A Williams tentaria uma outra
jogada na madrugada de hoje. O
time planejava trocar o bico dos
carros -com uma configuração
específica para corrida- nos primeiros pit stops de seus pilotos.
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