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TOSTÃO
Crônica de uma goleada
Pela manhã, antes do jogo, estava sem saber o
que fazer. Como com a
cobertura do jogo os jornais
estariam na banca logo após a
partida, teria apenas 15 minutos para analisá-lo. Pensei em
escrever duas crônicas. Uma
com o Brasil ganhando e jogando bem, e outra ganhando
e jogando mal. Depois da partida enviaria a correta. Será
que teria de escrever uma terceira, com o Brasil jogando
mal e perdendo ou empatando? Seria uma grande zebra.
Arranjei outra solução. Antes da partida, escrevi algumas abobrinhas, como essa
que acaba de ler, e completaria no final com um pequeno
comentário do jogo.
Anteontem a seleção realizou um bom treino, com os jogadores nas posições corretas e
num campo de tamanho normal. Parece óbvio, mas não é.
Critico muito os erros do Felipão, mas reconheço seus méritos. Um deles é motivar muito
os seus jogadores, titulares e
reservas. Ninguém relaxa.
O técnico evoluiu nas convocações, escalações e nos conceitos táticos. No treino, insistiu na marcação por pressão e
no posicionamento de Rivaldo
pela esquerda, onde ele atua
melhor. Nenhuma das duas
coisas aconteceu contra a seleção da Turquia.
A insistência do Felipão com
os três zagueiros tem uma lógica. Um dos problemas do futebol brasileiro tem sido atuar
com três zagueiros e os laterais
atacando. Não dá tempo para
o volante fazer a cobertura.
Mas a solução não passa obrigatoriamente pelos três defensores. Pode-se alternar os
avanços dos laterais. Um ataca e o outro se posiciona como
um terceiro zagueiro. O time
não perderia um defensor na
sobra e teria mais um armador ou atacante.
A bola vai rolar. O maravilhoso estádio da ilha de Jeju
não está lotado. Numa de suas
belíssimas crônicas, Luís Fernando Veríssimo conta que
esse é o momento de glória dos
técnicos. Os jogadores estão
perfilados, formando o desenho tático que ele quer. Quando o árbitro apita, eles não
vão parar de correr, para o desespero dos treinadores.
O jogo começou. Ontem, escrevi que a China não era nenhum "bambala". Enganei-me. Aposto no "bambala" e
ainda dou um gol de vantagem. Os jogadores brasileiros
tiveram muita facilidade para
mostrar todo o seu talento e
habilidade. A evolução coletiva positiva foi a marcação por
pressão em alguns momentos
do jogo e as viradas longas de
bola, que confundiam a defesa
chinesa. Ricardinho entrou e
mostrou sua habilidade. Ele
vai melhorar a qualidade do
meio-campo brasileiro.
De negativo, o posicionamento confuso do Anderson
Polga, correndo por todos os
lados, sem lugar certo. Não foi
zagueiro nem armador.
Os chineses entraram com
facilidade na defesa brasileira.
Só não conseguiram fazer gols
porque se atrapalharam nas
finalizações.
Apesar do fraquíssimo adversário, o jogo serviu para reforçar a impressão de que,
com alguns craques que temos
e com as más atuações de outras seleções fortes, o Brasil vai
lutar pelo título.
tostão.folha@uol.com.br
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