|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Xodó local agora defende liberdade de expressão
DO ENVIADO A PEQUIM
Ela se tornou heroína do povo chinês ao defender a tocha
olímpica de manifestantes pró-Tibete no revezamento em Paris. Quatro meses depois, a chinesa Jin Jing, 28, agora defende
o direito à livre expressão.
""Cada um tem o direito de
manifestar o que pensa, o sentimento que quiser. Talvez seja
daquele jeito...", afirmou Jin à
Folha por meio de intérprete,
em entrevista concedida só
após permissão do Bocog (o comitê organizador dos Jogos).
""Não me senti agredida, como se algo horrível tivesse me
acontecido. Agarrar a tocha foi
instintivo, para proteger o símbolo olímpico. Eu não pensei
em impacto político", lembrou
Jin, que acompanhou a abertura dos Jogos Olímpicos pela
TV, de sua casa, em Xangai -a
dez horas de trem de Pequim
-,onde ela vive com os pais.
Após o incidente, imagens de
sua tentativa de proteger a tocha de manifestantes foram repetidas dia e noite pela TV estatal e por sites do país. Hoje, todos sabem quem Jin é.
Em fóruns e blogs, internautas a apelidaram de ""anjo em
cadeiras de rodas" e ""o rosto
mais bonito dos Jogos". Ao ser
lembrada disso, Jin riu: minimiza a importância, reconhece
serem apelidos ""chamativos",
mas disse que foi ""brincadeira".
Durante as primeiras semanas, disse que o telefone ""não
parava de tocar", mas que agora
""a vida volta ao normal".
Ela afirmou que a fama repentina trouxe muitos amigos.
As pessoas a reconhecem na
rua, acenam em sua direção, dizem: ""Você é a moça da tocha!".
Apesar de defender o direito
à livre expressão, Jin afirmou
que o ataque sofrido em Paris
produziu efeito inverso àquele
desejado pelos manifestantes.
Jin citou o pedido de desculpas do presidente francês, Nicolas Sarkozy, pelo incidente.
""Ajudou a França a conhecer
um pouco melhor a China", disse Jin. Incomodada, ela pediu
para não falar mais de política.
Sobre o significado da Olimpíada para o povo da China, respondeu enfaticamente.
""[A Olimpíada] é a chance de
o povo chinês sentir orgulho de
si. É a chance de a China se
apresentar ao mundo e a chance de o mundo conhecer a China. Não sei se serão os melhores Jogos da história, mas queremos receber bem os estrangeiros", analisou a ex-esgrimista paraolímpica, que estará em
Pequim para as Paraolimpíadas
para torcer por seus colegas.
Ao ser questionada se acredita que sua imagem para sempre
estará ligada a Pequim-2008,
Jin preferiu desconversar.
""Não sei como será. Pode ser
que lembrem, pode ser que
não...
(EDUARDO OHATA)
Texto Anterior: Artigo: Cerimônia merece o 1º ouro olímpico Próximo Texto: Na TV: Com gafes, festa dobra audiência Índice
|