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No Brasil, bronze vale mais que ouro
Critérios para premiação dos medalhistas em Pequim varia em cada confederação, e bônus vão de zero a R$ 50 mil
César Cielo, campeão olímpico da natação, ficou sem prêmio; judocas sabiam valores de cada pódio antes mesmo das conquistas
MARIANA LAJOLO
DA REPORTAGEM LOCAL
Quando disparou críticas aos
dirigentes da natação, uma das
principais reclamações de César Cielo era a falta de premiação por ter chegado ao topo do
pódio nos Jogos de Pequim.
Uma medalha de bronze na
China rendeu até R$ 20 mil como recompensa. A de ouro, inédita, não levou prêmio algum.
Os valores destinados aos
brasileiros que foram ao pódio
mostra a disparidade de critérios usados por dirigentes na
hora de premiar os atletas.
Os judocas da delegação, por
exemplo, já conheciam o valor
oferecido pela confederação da
modalidade por cada pódio
-até R$ 50 mil para o primeiro
colocado. Tiago Camilo, Leandro Guilheiro e Ketley Quadros
recebem no próximo fim de semana R$ 20 mil cada um pelas
medalhas de bronze.
O boxe, que pena com falta de
verba e patrocinadores, planejava pagar até R$ 10 mil por medalhas nos Jogos -nenhum
brasileiro foi ao pódio.
Já os nadadores viajaram
sem prêmio acordado. Agora,
após as reclamações de Cielo, a
confederação diz que espera
acordo com patrocinadores.
"Não há previsão para o fim
das negociações, mas, se fecharmos negócio, prometo premiar o Cielo", disse Coaracy
Nunes, presidente da CBDA,
uma das entidades que recebem maior fatia da Lei Piva.
A confederação de taekwondo, que neste ano esteve envolvida em caso de calote ao atletas, deu R$ 15 mil a Natália Falavigna, atleta que montou estrutura própria para treinos em
Londrina (PR) para ser bronze.
A premiação dos atletas nacionais é decidida por cada confederação. O Comitê Olímpico
Brasileiro afirma que usa todos
os recursos para a preparação
dos competidores e que não há
verba disponível para esse fim.
O governo federal afirma que
premiar atleta individualmente não é sua atribuição.
"De acordo com a legislação,
a administração do esporte no
Brasil é privada. Por isso, temos
as confederações e as federações. O papel do Ministério do
Esporte é de fomento do esporte em suas várias dimensões",
afirmou o ministro interino do
Esporte, Wadson Ribeiro.
Em alguns países, a premiação é centralizada no comitê
olímpico ou no próprio governo. Na China, por exemplo, cada ouro rendeu R$ 370 mil. O
Comitê Olímpico Alemão deu
30 mil pelo topo do pódio.
As atletas da seleção de vôlei
foram as mais bem premiadas
do Brasil pelos dirigentes: R$ 2
milhões, mais parte da renda de
torneio em Fortaleza -o prêmio é dividido com a comissão
técnica. O valor é bem menor
do que o reservado para o masculino em caso de ouro -R$ 4,7
milhões. A CBV não premia
prata e bronze. Norma seguida
pelas seleções de futebol.
"Sempre foi assim, só premiamos o ouro. O valor dos homens era mais alto porque há
um histórico maior de conquistas", afirma o presidente da
CBV, Ary Graça Filho.
Maurren Maggi, ouro no salto em distância, recebeu R$ 50
mil da confederação, valor que
deve mais do que quadruplicar
com mimos de patrocinadores.
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