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Organizador da competição, que começa a ser decidida hoje no Pacaembu por Paulista e São Caetano, declara que "é preciso parar de enganar o torcedor"
Paulista-04 foi "injusto" e "horrível", afirma a FPF
FERNANDO MELLO
DO PAINEL FC
Injusto. Péssimo. Horrível. Atípico. Decepcionante. Absurdo.
As definições acima foram utilizadas para qualificar o Campeonato Paulista por Marco Polo Del
Nero, o organizador da competição, que começa a ser decidida
hoje por Paulista e São Caetano.
O presidente da FPF diz que o
primeiro Estadual de sua gestão
ficou aquém das expectativas.
Atribuiu nota 5,5 ao torneio. E falou que "é preciso parar de enganar o torcedor".
Em dois meses e meio, o fiasco
de público, a queda dos clubes
grandes, os protestos pelo preço
de R$ 20 cobrado pelas arquibancadas e o baixo índice técnico revolucionaram a opinião de Del
Nero sobre o seu campeonato.
Às vésperas da abertura da
competição, em janeiro, o novo
mandatário do futebol paulista
prometia dar nova cara ao velho
Estadual, que estivera nas mãos
de Eduardo José Farah nos 15
anos anteriores. Questionado sobre a fórmula do campeonato,
com 21 clubes divididos em duas
chaves e mata-matas a partir das
quartas-de-final, apostava em céu
de brigadeiro. "Faltou uma data
para ficar perfeito", disse, em referência ao fato de a primeira fase
eliminatória ser decidida em apenas 90 minutos.
Na avaliação de Del Nero, agora
o cenário é outro. "O campeonato
foi decepcionante, horrível. Foi
um Paulista atípico. Com 21 clubes e 16 datas, você tem que ser
mágico para fazer alguma coisa
de bom. E nós não somos mágicos. Não podemos elogiar uma
coisa que não foi maravilhosa,
não é meu perfil. Temos que analisar friamente os fatos, ver a realidade e melhorar para o futuro."
Para o presidente da FPF, o
principal problema foi concentrar
a maior parte da competição em
uma etapa que decidia pouca coisa. "Na primeira fase, o São Paulo
jogou nove vezes, ganhou oito e
foi eliminado com uma derrota. É
injusto. Para ser justo, todos têm
que jogar contra todos. Também
acho um absurdo fazer só com 16
datas. Com toda a franqueza, não
gostei, achei péssimo. Mas a regra
do jogo era essa e foi aprovada por
unanimidade pelos clubes."
Na opinião da FPF, que ficou insatisfeita com os finalistas -queria pelo menos um time grande na
decisão-, o regulamento é herança da gestão Farah. "A FPF
não podia ter feito nada a mais do
que ela fez. Recebemos um torneio com 21 times, um absurdo."
Apesar da irritação com a ausência de times grandes na final,
Del Nero diz que ela é a prova de
que a entidade não operou para
escolher o campeão. "Se podemos
apontar algo de bom, foi o cumprimento das regras. Ficou evidente que nesta gestão não há manobra nem jogo de bastidores."
Numa primeira conversa com a
reportagem, o presidente da FPF
condenou o sistema de playoffs,
que define o campeão deste Paulista. "Precisamos parar de enganar o torcedor." Depois, voltou
atrás. Disse ter usado a expressão
enganar no "sentido figurado".
"Fui infeliz ao declarar isso."
O discurso de Del Nero, incomum na boca de organizadores
de torneios, carrega o objetivo de
pressionar a CBF, da qual a FPF é
parceira. O cartola já pediu a Ricardo Teixeira mais quatro datas
para 2005. Com 20 rodadas, dividiria os 20 times em dois grupos.
O campeão de cada chave, depois
de jogar com todos os 19 adversários, faria uma final em partida
única. "Aí sim, vamos poder dar
nota nove para o Paulista. Por ora,
nossa realidade é essa."
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