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FUTEBOL
Clubes 10 x 0 seleções
RODRIGO BUENO
DA REPORTAGEM LOCAL
Os clubes são mais legais
que as seleções. Não há pesquisa que comprove isso, mas o
torcedor se envolve muito mais
com seu time de coração do que
com seu selecionado. Muitos não
estão nem aí com as seleções
quando não é Copa ou Eurocopa,
mais no caso dos europeus.
As últimas semanas ajudam a
corroborar essa tese. Se a coluna
passada destacou os recentes péssimos jogos de seleções, a de hoje
deveria fazer o contrário com as
disputas interclubes.
As quartas-de-final da Copa
dos Campeões foram sensacionais, épicas. A expectativa não
era das melhores porque parecia
que três duelos estavam definidos
(escrevi isso e quebrei a cara). A
Rede TV! não mostrou o jogo londrino, o único que não apontava
certamente um classificado. Sorte
dos telespectadores, pois viram as
incríveis derrocadas de Real Madrid e Milan. Só vendo para crer.
Foi a primeira e última derrota
do Real na Champions League.
Ronaldo estava em campo. Em
tropeços recentes, ficou uma idéia
de que a presença dele resolvia tudo, até os grosseiros problemas
defensivos da equipe espanhola.
Idéia furada.
Beckham não atuou. Havia a
impressão de que o aproveitamento dele era só jogada de marketing sem benefícios para o time
em campo. Impressão errada.
A pompa do time, porém, pesou. A queda de rendimento na
segunda etapa pode ser explicada
pela preparação física dos galácticos. Envoltos em propagandas,
eventos e campanhas, faltou
atenção com o corpo. Teria havido mesmo pedido formal de alguns dos craques para minimizar
os treinos ("baladas" e "traições"
seriam só sensacionalismo).
Enquanto isso, o Monaco voava
baixo. O baixinho Giuly conduziu
de tal forma a equipe de Deschamps que é sério candidato a
grande craque do torneio.
Mas, pegando toda a Copa dos
Campeões, o turbinado Chelsea
ostenta a melhor campanha. Um
amigo que acompanhou em Londres o clube de Roman Abramovich eliminar o Arsenal me falou
duas coisas que parecem verdades. Uma é que o time de Claudio
Ranieri é bem meia boca. A outra
é que milionários são estupidamente sortudos. O magnata russo
não entende quase nada de futebol, gastou um bolo de dinheiro
sem critério, já fritou seu técnico e
pode ter a Europa na primeira
tentativa. Quem posa de burro é
Florentino Pérez, presidente do
Real, que gastou menos que Roman comprando o "gordo" Ronaldo e o "fashion" Beckham e
apostando em Carlos Queiroz.
Silvio Berlusconi, que lida com
o futebol há muito mais tempo
que Abramovich, não entende até
agora o que aconteceu com seu
Milan e seu G14, ridicularizado
na Copa dos Campeões. Ele foi o
primeiro a defender que os clubes
são mais importantes que as seleções e certamente está por trás da
ação do G14 contra a Fifa que pede dinheiro quando um atleta
serve seu país. Por trás da questão
talvez esteja a explicação para o
fato de alguns atletas renderem
bem mais nos clubes que nas seleções. Boleiros são empregados dos
clubes que fazem "bico" (às vezes
não remunerado) nas seleções.
Copa da Uefa
O G14 tem boa chance de levar o título. Um semifinalista está certo
(Olympique ou Inter). O Valencia está quase garantido, e o PSV ainda sonha. Mas não vivemos a melhor época para palpites.
Libertadores
O principal interclubes da América não teve grandes "zebras" e, se
seguir assim, pode ver seu campeão ser favorito no Mundial interclubes, o que não ocorre já faz um bom tempo. O Porto é o mais forte
possível representante europeu.
Copa dos Campeões
Nem Ronaldo nem Henry nem Shevchenko. O artilheiro é mesmo o
espanhol Morientes (sete gols).
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