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OLIMPÍADA
Projeto consumirá US$ 2 bi e ficará pronto em 2007, dois anos antes da escolha da sede da 31ª edição do evento
Dubai constrói cidade para Jogos de 2016
FÁBIO SEIXAS
ENVIADO ESPECIAL A DUBAI
O desavisado que topa com a fila de caminhões e a floresta de
guindastes no meio do deserto
pode imaginar que daquele imenso canteiro de obras vai surgir um
condomínio de luxo ou mais um
parque temático, como tantos
que há espalhados pelo mundo.
Um engano, embora a impressão não esteja totalmente errada.
A um custo de US$ 2 bilhões, numa área equivalente a quatro Ibirapueras, um consórcio de empresas árabes está erguendo a 20
km de Dubai a primeira cidade
esportiva do planeta. Grosso modo, uma Disneylândia do esporte.
Um megaempreendimento, como quase tudo o que foi construído nos Emirados Árabes Unidos
nos últimos anos. Que deve ser
entregue em 2007. Que é o sonho
de qualquer atleta ou equipe. E
que nasce com um objetivo ambicioso: receber a primeira Olimpíada do Oriente Médio, em 2016.
"Estaremos prontos para concorrer aos Jogos. Ao contrário do
que os outros fazem, estamos
construindo toda a estrutura para
depois lançar a candidatura", afirmou Mohammed Al Gergawi, dirigente do órgão responsável por
fomentar o desenvolvimento do
emirado, o mais proeminente entre os sete que formam o país.
O projeto da DSC (Dubai Sports
City) mostra que o sonho é bem
possível. É só questão de tempo.
Serão dois estádios para 25 mil
pessoas -e que podem ser ampliados-, um estádio indoor para 10 mil torcedores e um ginásio
para mais 8.000. Haverá ainda um
complexo de piscinas, um campo
de golfe com a grife do sul-africano Ernie Els, atual sétimo colocado no ranking profissional, e um
campo de críquete, um dos esportes mais populares do país.
Tem mais. A DSC contará com
um clube de tênis, um velódromo,
academias de boxe, ginástica, artes marciais e luta greco-romana,
além de espaços para beisebol,
handebol e vôlei. Ao todo, 20 modalidades estarão contempladas.
Entre um complexo e outro, serão construídos conjuntos residenciais e hotéis com capacidade
para abrigar até 60 mil pessoas.
"Teremos tudo para receber
qualquer equipe de qualquer modalidade que quiser fazer uma
pré-temporada. Seremos uma vila olímpica sem Olimpíada. Por
enquanto", afirmou à Folha Bala
Balasubramaniam, presidente-executivo da DSC. Ou prefeito.
Dinheiro não falta. O empreendimento tem por trás um consórcio de três grupos dos Emirados
Árabes que atuam em áreas como
petróleo, construção, shopping
centers e indústria alimentícia.
Com tudo isso, a futura cidade
já está atraindo grandes nomes.
Além do golfista Els, o Manchester United já anunciou que abrirá
na DSC sua primeira franquia fora da Europa. A equipe, que deve
contar com jogadores não aproveitados pelo clube inglês, vai disputar campeonatos regionais.
"Com o Manchester aqui, poderemos formar jogadores de alto
nível", disse Balasubramaniam.
O executivo admite que a cidade
teria que ser ampliada para uma
Olimpíada. Mas acha que Dubai
já tem algo em mãos. Pelo menos,
com base no orçamento, metade
do que é necessário para os Jogos.
O governo grego está gastando
US$ 4,8 bilhões em infra-estrutura para os próximos Jogos.
Sydney, que recebeu a Olimpíada
de 2000, despendeu US$ 4 bilhões.
Para organizar o próximo Pan,
o Rio vai gastar US$ 300 milhões,
sendo US$ 135 milhões em obras.
Após passar por Europa, América, Ásia e Oceania, talvez tenha
chegado a hora de a tocha olímpica iluminar o Golfo Pérsico. A escolha da sede dos Jogos de 2016
será em 2009, quando a DSC já estiver em pleno funcionamento.
Enquanto suas concorrentes
apresentarem suas candidaturas
em calhamaços de papel, Dubai
responderá com uma cidade.
Os árabes terão um trunfo firme, sólido. De concreto armado.
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