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FUTEBOL
Soy loco por ti América
RODRIGO BUENO
DA REPORTAGEM LOCAL
Um amigo que acompanhou
comigo o duelo entre Santos
e Nacional na última quarta-feira pela Libertadores torcia fervorosamente para o empate. "Adoro disputas de pênaltis", explicou
ele, que, como bom telespectador,
queria emoção até o fim.
Tal pensamento faz da Libertadores um torneio dos sonhos. Em
1988, o principal interclubes da
América efetivou seu largo mata-mata para cardíacos. Desde então, aconteceram 55 decisões por
pênaltis. A Copa dos Campeões,
regularmente com mais jogos que
a sua versão sul-americana, registrou só 13 disputas desse tipo no
mesmo período. Os regulamentos
dos mata-matas das duas nobres
competições têm ideais diferentes.
Enquanto na Europa há um esforço histórico para evitar as penalidades no final, a Conmebol
faz da "loteria" um meio corriqueiro para definir vencedores.
Sem prorrogações, a Libertadores já viu nove finais nos pênaltis.
Mesmo tendo sistematicamente
decisões em somente um jogo, a
Copa dos Campeões assistiu a
apenas seis disputas de penalidades em suas finais.
Sem utilizar gols fora de casa
como critério de desempate, a Libertadores deu a taça aos seus últimos quatro campeões após decisões por pênaltis. Já a Copa dos
Campeões, desde que foi vendida
mesmo como Champions League,
só teve disputas de penalidades
em fases eliminatórias ou em finais (partidas únicas).
O paraguaio Olimpia já disputou nove decisões por pênaltis na
história da Libertadores. A Juventus, grande especialista européia
nesse tipo de disputa, fez apenas
três desempates nas penalidades
ao longo da Copa dos Campeões.
Falta só uma cobrança de pênalti em disputas de penalidades
para chegarmos a 600 lances do
gênero em Libertadores. Os cobradores, para a alegria e a tristeza de inúmeras torcidas, falharam 184 vezes (30,7% dos tiros).
Aqui foram mostrados números. Mas e a intenção de dirigentes e especialmente árbitros? Levar a decisão para os pênaltis é
meio como "lavar as mãos", deixar o destino, a sorte decidir.
Muito se fala na imparcialidade
dos juízes sul-americanos, mas a
fórmula de disputa do mata-mata no continente os "convida" a
equilibrar as coisas até os penais.
A Europa lançou o gol de ouro,
popular morte súbita, por não
aceitar bem as injustiças decorrentes da decisão por pênaltis. Infeliz por ver cruéis eliminações,
destaca agora o gol de prata, que
ainda não funcionou na Copa
dos Campeões. A Juventus foi à
prorrogação contra o Barcelona,
mas marcou no segundo tempo
(se tivesse marcado na etapa inicial e acabasse essa em vantagem,
não haveria segundo tempo).
Nesta temporada, a Libertadores, com só quatro confrontos de
mata-mata definidos, já superou
a Copa dos Campeões em disputas por pênaltis (foram duas até
agora). Na Europa, só Shakhtar
Donetsk x Brugge, na fase eliminatória, foi para as penalidades.
Se os europeus lutam para que
seja feita justiça nas disputas, que
assim seja: a Libertadores está na
frente em emoção. Que o digam
Gamboa, Palhinha, Zapata, Roque Júnior, Pinheiro, Serginho...
Soy loco 1
Um amigo estava com dúvidas sobre a realização da Copa com 36 times e me fez uma boa pergunta. "Por que a Fifa não faria um Mundial com 36 seleções?" A resposta correta veio alguns dias depois: técnica e esportivamente, é uma furada. Os dirigentes da Conmebol se
reúnem nesta semana em Santa Cruz de la Sierra para tentar achar o
sistema de disputa justo que foi cobrado pela Fifa. Um leitor me enviou diversas possibilidades e ficou claro que nenhuma delas é boa.
Soy loco 2
Um amigo me alertou. "O catenaccio está de volta", disse. Apostava
no Real Madrid, só que está um cheiro de final italiana no ar. E Internazionale x Milan, pelo jeito, vai para a decisão por pênaltis depois de
120 minutos de outro confronto sem gols.
E-mail rbueno@folhasp.com.br
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