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BASQUETE
Novo treinador prega aplicação e solidariedade após seleção da NBA naufragar, em casa, no Mundial de 2002
EUA anunciam "Time dos Sonhos" básico
LUÍS CURRO
EDITOR-ASSISTENTE DE ESPORTE
Setembro de 2002, dia 4.
Sob o comando de George Karl,
a seleção norte-americana masculina de basquete perde por 87 a
80 da Argentina no Mundial de
Indianápolis. Era a primeira derrota, após invencibilidade de 73
jogos iniciada em 1992, da equipe
conhecida como "Dream Team".
Estava decretado o fim do "Time
dos Sonhos". O país-sede ainda
seria derrotado mais duas vezes e
amargaria a sexta colocação.
Novembro de 2002, dia 26.
Larry Brown supera a concorrência de Pat Riley e Phil Jackson e
é nomeado técnico da seleção dos
EUA. O desafio, que na realidade
tem cunho de obrigação: recuperar, no período de dois anos, o
prestígio do basquete do país e levá-lo, com o ouro olímpico em
Atenas-2004, novamente ao topo,
lugar hoje ocupado pela Iugoslávia, atual bicampeã mundial.
Como Brown, 62, que comanda
o Philadelphia 76ers na NBA, pretende fazer isso? "Jogando basquete do jeito que deve ser jogado", declarou ele, em entrevista
concedida por e-mail à Folha.
E que jeito é esse? "The right
way" ("O jeito certo"), explicou
Brown, referindo-se aos ensinamentos de seus técnicos Frank
McGuire e Dean Smith na Universidade da Carolina do Norte, nos
anos 60: passe a bola, se aplique
na defesa, execute as jogadas, lute
pelo rebote, não seja egoísta.
Treinador de temperamento
forte, não admite estrelismo em
suas equipes. Nem jogadores individualistas. Mover a bola é a regra no ataque. Na defesa, ninguém relaxa nem sequer um minuto. Para ele, esses são os princípios fundamentais do basquete
-coisas básicas para a vitória.
Folha - Qual a a expectativa para
dirigir a seleção dos EUA que tentará uma vaga nos Jogos de Atenas?
Larry Brown - Eu espero que alcancemos o sucesso jogando basquete do jeito que deve ser jogado.
Folha - O "Dream Team" falhou,
pela primeira vez, no Mundial de
Indianápolis. O que não deu certo?
Brown - Eu não fazia parte daquele grupo, então não tenho como opinar sobre o que deu errado. O mais importante agora é
olhar para a frente e juntar na seleção os melhores à disposição.
Folha - Você gostaria de trabalhar com quais atletas?
Brown - Eu não tenho nenhuma
influência na escolha dos atletas,
mas tenho certeza de que o comitê [da USA Basketball, a federação norte-americana de basquete, que monta as seleções nacionais" recrutará os rapazes mais
merecedores. Pode-se não contar
sempre com o melhor atleta, o
mais importante é ter o melhor
conjunto. Com a quantidade de
talento que temos na NBA, estou
certo de que poderemos montar
um time que jogue do jeito certo.
Folha - Shaquille O'Neal [do Los
Angeles Lakers, melhor pivô da
NBA" disse que só voltaria a defender os EUA se o comando fosse de
Phil Jackson [seu atual técnico e
nove vezes campeão na liga americana como treinador". O que o sr.
pensa disso? O'Neal é dispensável?
Brown - Seria ótimo contar com
Shaq, seria realmente importante
tê-lo no time. Se ele não jogar, há
vários atletas na nossa liga capazes de substituí-lo com eficácia.
Folha - O que esperar de um jogador sob seu comando?
Brown - Gosto de atletas que joguem duro, sem egoísmo e que
estejam sempre buscando evoluir. As outras coisas caminham
com a próprias pernas.
Folha - Sempre surgem rumores
de que vários jogadores da NBA
não gostam de defender a seleção
dos EUA por receio de se machucar
ou por puro desinteresse...
Brown - Acho que isso não corresponde à realidade. Creio que a
maioria dos atletas da NBA quer
defender a seleção. Mas a temporada é longa, e é um grande compromisso abrir mão de dois verões [nos EUA, as férias dos atletas coincidem com a disputa do
Pré-Olímpico e da Olimpíada".
Folha - O sr. acredita que motivação é suficiente para garantir uma
boa performance de um atleta da
NBA ou as partes física, técnica e
tática também são fundamentais?
Brown - Não fico muito concentrado em táticas ou em motivação. Os jogadores querem mesmo
é um comandante que os leve a
atuar da maneira correta.
Folha - O que o sr. sabe sobre o
basquete brasileiro?
Brown - Conheço Oscar Schmidt
[ala do Flamengo, recordista de
pontos em Olimpíadas". Gosto
muito de assistir aos jogos da seleção brasileira. Além disso, acho
que Hilário [Nenê, ala-pivô do
Denver Nuggets" será, um dia, um
excelente jogador em nossa liga.
Folha - Quais países são favoritos
para obter as três vagas em disputa
no Pré-Olímpico das Américas?
Brown - Não posso dizer porque
ainda não vi nossos adversários
jogarem. Também não sei como
estará nosso time. O nível de competitividade em todo o planeta
tem aumentado, e isso ficou provado no último Mundial.
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