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ATENAS 2004
Após 16 anos, Brasil volta a ter uma mulher no time de hipismo, que busca 3ª medalha seguida nos Jogos
Clã Diniz põe amazona em prova de saltos
ADALBERTO LEISTER FILHO
DA REPORTAGEM LOCAL
Pouca gente a conhece no Brasil.
Há 14 anos radicada na Alemanha, Luciana Diniz-Knippling irá
integrar a equipe brasileira de saltos que buscará nova medalha
olímpica em Atenas. O time nacional conquistou o bronze em
Atlanta-1996 e Sydney-2000.
Luciana, 50º colocada do ranking da Federação Eqüestre Internacional, integrará a seleção ao lado de Rodrigo Pessoa, terceiro colocado, e de Bernardo Resende
Alves, 44º da classificação.
"Nas duas últimas Olimpíadas,
vi que não era a minha hora. Mas
agora estou bem", conta Luciana,
filha de Arnaldo, um dos irmãos
de Abílio Diniz, dono da rede de
supermercados Pão de Açúcar.
A única dúvida do técnico Nelson Pessoa é o último conjunto
que fará parte do grupo. Álvaro
Affonso de Miranda Neto, o Doda, é o favorito à vaga. Ele disputa
o posto com Karina Johannpeter
e Arthur da Silva, o Tuca.
"Vou observar o desempenho
do Doda no Concurso de Falsterbo [na Suécia, que termina hoje].
Ele está com um cavalo novo
[Countdown] e precisamos avaliá-lo melhor", analisa Nelson.
O caminho de Luciana até a primeira Olimpíada foi tortuoso.
Nas duas últimas edições, ela desistiu de participar. Em 1999, vendeu seu cavalo. E, montando
Ralph, Luiz Felipe Azevedo Filho
ajudou o Brasil a ganhar o bronze.
"Não tive interesse em ir antes.
As coisas vêm no momento certo", resume Luciana, 33, que ficou
18 meses afastada das competições quando teve gêmeos.
Neste ano, a brasileira ganhou o
bronze nos concursos de Wiesbaden e Aach (Alemanha), há dois
meses, e no GP de Jerez de la
Frontera (Espanha), em março.
"Estou com três cavalos em excelente fase. Além disso, amadureci e consegui melhorar meus resultados", diz a brasileira, referindo-se a Meautry's Locarno, Dover
e Mariachi. Este último deve ser a
montaria que irá para a Grécia.
A vaga de Luciana encerra um
longo tabu na equipe brasileira de
saltos. Desde os Jogos de Seul, em
1988, o país não contava com uma
mulher no time. Na ocasião, Cristina Johannpeter, mãe de Karina,
ajudou o Brasil a ficar em oitavo.
"Essa será a Olimpíada das mulheres. Vários países contam com
amazonas em seus times, como a
França, a Alemanha, a Suécia e os
Estados Unidos", destaca Nelson.
Uma das poucas competições
mistas na Olimpíada, o hipismo
vê a ascensão de várias estrelas.
É o caso de Beezie Madden
(EUA), que subiu ao pódio em 12
das 19 competições de que participou neste ano e ocupa a quarta
colocação do ranking, e de Malin
Baryard, vencedora do Concurso
de Gotemburgo, em abril, e melhor atleta da Suécia. "As mulheres pesam menos do que os homens. Isso é vantagem nos saltos
mais difíceis", aponta Nelson.
Luciana é um exemplo da ascensão feminina. Seu marido, Andreas Knippling, é o 316º do ranking. "Já falei para ele se naturalizar e tentar uma vaga pelo Brasil",
diz Luciana, brincando com o fato
de a Alemanha ser uma das potências do esporte -Andreas é
apenas o 43º cavaleiro de seu país.
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