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AUTOMOBILISMO
Em crise, categoria que já teve 11 brasileiros no grid perde pilotos, parceiros e prestígio para a liga rival
IRL e Indy invertem seus papéis em 2003
TATIANA CUNHA
FÁBIO SEIXAS
DA REPORTAGEM LOCAL
Sinônimo de equipamentos
precários, pilotos inexperientes,
equipes com pouca infra-estrutura e circuitos sem tradição, a IRL
vai trocar de papel com a rival
Indy na temporada que vem.
Com a renovação do pacote técnico -o que ocorre a cada três
anos-, suas equipes terão motores e chassis novos em 2003.
Por outro lado, a Indy, que já foi
o eldorado dos pilotos brasileiros
-chegou a ter 11 representantes
na temporada de 99-, corre sério
risco de se transformar no que era
a IRL de pouco tempo atrás.
Como a categoria começou a ficar muito cara e a assustar patrocinadores, seus dirigentes lançaram uma série de medidas para
tentar segurá-los. Uma das principais providências será congelar o
regulamento até 2006. Assim, os
times não perderão seus investimentos de um ano para outro.
Ou seja, a Indy vai usar chassis e
motores velhos e ficar mais barata
do que a rival. A Cart (entidade
que dirige a Indy) fala até em incentivos financeiros na tentativa
de segurar equipes e pilotos.
Após perder a Penske, mais tradicional equipe do automobilismo americano, para a IRL no início do ano, a Indy corre o risco de
ver Ganassi, Mo Nunn e Andretti-Green na liga rival em 2003.
Na esteira das equipes, a mão-de-obra também está migrando.
Hoje, em Mid-Ohio, apenas
quatro brasileiros estarão no grid
da Indy. Por enquanto, não há nenhum piloto do país confirmado
para correr a próxima temporada.
Na IRL, em Kentucky, haverá
seis brasileiros. Isso significa um
recorde do Brasil na categoria. E a
perspectiva é que a temporada
2003 comece com até oito pilotos
do país (leia texto nesta página).
Essa debandada de pilotos também é motivo de preocupação para a Indy, que desde 1983 sempre
teve um brasileiro nas pistas.
O último golpe veio há três dias,
quando Christian Fittipaldi anunciou sua ida para a Nascar.
Tony Kanaan pode ir para a IRL
com a Mo Nunn, que neste ano
manteve carros nas duas ligas. O
destino mais provável de Cristiano da Matta é mesmo a F-1. E Bruno Junqueira também não deve
permanecer na Indy: "Gostaria
muito de manter esse relacionamento com a Toyota".
Nas corridas, outro exemplo de
que as duas categorias estão invertendo papéis. Na temporada
que vem, pela primeira vez a IRL
terá uma prova fora dos EUA
-será no Japão, etapa que foi
"roubada" da Indy, que sempre
pregou a internacionalização como uma maneira de atrair o público e os patrocinadores.
"Acho que o principal erro da
Indy foi fazer muitas etapas fora
dos Estados Unidos. Marcas fortes como Honda e Toyota, por
exemplo, já têm a F-1 para se mostrar. Empresas assim querem
conquistar o mercado norte-americano, onde a F-1 é fraca. E a IRL
está fazendo esse papel", afirmou
Felipe Giaffone, da Mo Nunn, em
sua segunda temporada na IRL.
Além de ficar sem a prova japonesa, a Indy perdeu a etapa na
Alemanha e seu retorno ao Brasil,
se acontecer, não será no ano que
vem. Uma situação melancólica
para uma categoria que já se denominou rival da F-1.
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