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Made in China
Qual é a música?
PARA AGRADAR À BABEL OLÍMPICA, ORGANIZAÇÃO DOS JOGOS EMBALA COMPETIÇÕES COM SALADA MUSICAL, QUE VAI DE MÚSICA FOLCLÓRICA CHINESA A "FESTA NO APÊ", PASSANDO PELO TRASH METAL
DOS ENVIADOS A PEQUIM
De "Mamãe eu Quero" a clássicos thrash metal do Megadeth. De pop-rock chinês a Bon
Jovi. E ainda Queen, Xuxa, Ray
Parker Jr., Guns'n'Roses, Beatles remixado, pop romântico.
E, acredite, "Festa no Apê".
O primeiro fim de semana
dos Jogos revelou uma marca
imperceptível a quem os segue
à distância: uma salada musical
nos ginásios tão divertida
quanto surpreendente, ilógica.
Incoerência, diz o comitê organizador, que tem por trás a
dura missão de agradar a todos.
Segundo o Bocog, a principal
preocupação na escolha na trilha sonora foi assegurar que o
maior número possível de países fosse contemplado, para
dar um ar global aos eventos.
Geralmente, as músicas são
disparadas nos intervalos, nos
pedidos de tempo, antes e depois dos eventos, quando a TV
está veiculando comerciais.
A seleção, diz o Bocog, acontece segundo a afinidade com
os esportes e os países em ação.
Também há o cuidado de que
elas tenham relação com os
momentos da competição.
Na natação, por exemplo, o
aquecimento é embalado por
músicas melosas, geralmente
de cantores chineses de pop romântico, como Wang Feng.
Antes da largada, ganham espaço ritmos mais agitados, chineses ou americanos, e até o pesado metal do Megadeth.
O momento mais feliz dos
nadadores também tem trilha
especial. A chegada de Michael
Phelps nos 400 m medley, seu
primeiro ouro em Pequim, foi
embalada por uma versão em
espanhol de "Ilariê", da Xuxa.
Funcionários do Bocog responsáveis pela trilha do Cubo
d'Água não conheciam a apresentadora e pensavam que a
versão era de uma canção italiana. Mas eram fãs da música,
"bastante alegre" para eles.
O Brasil também toca no ginásio do vôlei. Anteontem, no
intervalo do primeiro set de
EUA x Japão, pelo torneio feminino, o sistema de som atacou de "Mamãe eu Quero", que
foi acompanhada por uma coreografia das cheerleaders.
Nos outros intervalos, houve
música eletrônica e pop-rock
chinês. O telão incentivava o
público a cada ponto.
No vôlei de praia, a homenagem ao Brasil também teve
"Ilariê" e ainda passou por
"Festa no Apê", de Latino, e
"Liberar Geral", do Terra Samba. Mas, apesar da inclusão dos
ritmos brasileiros, as dançarinas contratadas para animar os
intervalos, com biquínis enormes, mantiveram a mesma coreografia descoordenada.
Do pop internacional houve
um clima trash anos 80 e 90,
com Queen, Bon Jovi e Ramones, passando também pela trilha musical de "Caça-Fantasmas", com Ray Parker Jr.
Mas há arenas mais comportadas. Ou desinteressadas.
No ginásio de judô, a participação dos DJs é notada apenas
antes do início das competições. E a trilha sonora é sóbria,
com ênfase no tema oficial da
Olimpíada. Só quando o palco
fica vazio, no intervalo entre os
blocos da competição, há alguma ousadia, com pop chinês.
O mesmo acontece nos telões. No espaço do judô, os videoclipes trazem a história da
modalidade nos Jogos, performances anteriores de judocas e
mesmo relatos de momentos
de outras modalidades, como
Jesse Owens em Berlim-36.
O futebol concorre para ter
as arenas menos animadas.
Em Shenyang, ontem, não
existia um DJ à vista. Não havia
garotas com pom-pom ou qualquer outro evento para levantar o público, que permaneceu
calado por quase todo o tempo.
Na estréia da seleção masculina, Jorge Benjor soou no intervalo. Que passou despercebido diante da maioria esmagadora de chineses no estádio.
Antes dos jogos, música de
elevador. Ontem, nada de música brasileira. Além do tema de
Pequim-08, pop em espanhol.
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