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CBF pode excluir Rio e SP da rota da seleção
Público decepcionante no Engenhão e custo do Morumbi preocupam entidade
Partidas restantes pelas eliminatórias podem ser distribuídas pelo Nordeste, de acordo com interesse de atender a seus filiados
DO ENVIADO AO RIO
DA SUCURSAL DO RIO
O custo de jogar no Morumbi
é um obstáculo para São Paulo
voltar a receber a seleção num
jogo pelas eliminatórias. E, no
caso do Rio, o péssimo público
de ontem no Engenhão também pode fazer com que a CBF
mude os planos para a cidade.
Concorrendo com estádios
públicos, cujos governos abrem
mão de aluguel e cobram taxas
camaradas, a arena são-paulina
é dispendiosa, o que desanima a
CBF a marcar outro jogo lá, assim como pode acontecer no
caso carioca, que já tinha tudo
certo para abrigar, no Maracanã, o jogo contra a Colômbia,
no próximo mês.
"Ainda não está fechado. Faltam alguns detalhes", disse o
presidente da CBF, Ricardo
Teixeira, na contramão do negócio consumado pelo governo
do Rio e de outros funcionários
da entidade que dirige.
O Morumbi careiro fica evidente na comparação dos borderôs dos três primeiros jogos
em casa do time nacional no
qualificatório para a Copa do
Mundo de 2010, que será realizada na África do Sul.
No jogo entre Brasil e Uruguai, no Morumbi, houve cobrança de aluguel. E ele foi bastante caro -R$ 432 mil, equivalente a 10% da renda bruta.
Além do aluguel, o São Paulo,
o dono do Morumbi, ainda cobrou várias taxas. Foram, por
exemplo, R$ 4.100 para "material de limpeza para sanitários",
quase R$ 8.000 para o pagamento da água e da luz, R$ 33
mil para "despesas do Cícero
Pompeu de Toledo" e outros R$
80 mil de "despesas diversas".
Valores que superam por larga margem as despesas de um
confronto da seleção realizado
em estádios públicos. A CBF
nada pagou de aluguel para
usar o Mineirão no jogo contra
a Argentina, por exemplo.
Somando todas as despesas,
como pagamento de funcionários, monitoramento e itens
menores, foram descontados
pouco mais de R$ 80 mil, ou
menos de 20% do que foi necessário na partida contra os
uruguaios no Morumbi.
Até o Maracanã, que tem fama de careiro, é mais barato para a seleção do que o estádio
são-paulino. No jogo contra o
Equador, no ano passado, o aluguel ficou em menos de R$
6.000. As demais despesas não
chegaram a R$ 70 mil.
Contra o Uruguai, a CBF ainda precisou pagar pelo policiamento e outros gastos do poder
público fora do estádio, como o
gerenciamento do trânsito. Já
foi feito um acordo para que isso não aconteça de novo, o que
ainda é considerado pouco para
a CBF optar novamente pelo
Morumbi para um confronto
do atual qualificatório.
Com esse cenário, dos três
primeiros jogos do Brasil nas
eliminatórias, o realizado no
Morumbi foi o que teve, proporcionalmente, a menor renda líquida. Dos R$ 4,3 milhões
arrecadados, 69% sobraram
para a CBF. No jogo contra o
Mineirão, esse valor foi de 78%.
Além de despesas maiores, o
Morumbi dá menos chance de
a CBF faturar na bilheteria.
Isso porque o clube não entrega todos os setores do estádio para que a confederação os
comercialize, já que muitos camarotes foram vendidos para
uma série de empresas que não
abrem mão de levar seus convidados nos jogos importantes.
No jogo contra os argentinos
no Mineirão, foram arrecadados R$ 2,6 milhões com a venda
de camarotes. Puxado por esse
valor, a renda foi de R$ 6,5 milhões, a maior da história do futebol brasileiro e cerca de R$
2,3 milhões maior do que a verificada no jogo no Morumbi.
Além do confronto com a Colômbia, o Brasil tem mais quatro partidas como mandante
pelo qualificatório para o Mundial. Um, provavelmente contra o Peru, no primeiro semestre de 2009, deve acontecer em
Porto Alegre. As outras partidas podem ser distribuídas pelo
Nordeste, de acordo com o interesse da CBF de atender a
seus filiados ou políticos mais
próximos de seu presidente, Ricardo Teixeira.
(PAULO COBOS E SÉRGIO RANGEL)
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