São Paulo, domingo, 12 de janeiro de 2003

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Agnelo Queiroz defende o financiamento para clubes reformarem e construírem seus campos

Ministro quer dinheiro do BNDES para estádios

FÁBIO VICTOR
DO PAINEL FC

Muitos degraus abaixo do nível do futebol do país, os estádios brasileiros podem ter a ajuda do governo federal para sair da quase generalizada situação de deterioração em que se encontram.
O novo ministro do Esporte, Agnelo Queiroz, defende que os clubes possam se valer de financiamentos e linhas de crédito do BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social) para reformarem ou construírem suas praças esportivas.
Queiroz já afirmou que apóia o Código de Defesa do Torcedor, projeto de lei enviado ao Congresso por seus antecessores no ministério e que deve ser votado nos próximos meses. O conjunto de medidas pretende que os fãs de futebol passem a ter respeitados seus direitos de consumidores.
Mas, segundo o ministro, não faz sentido o código entrar em vigor se não houver infra-estrutura adequada nos estádios nacionais.
"Estamos exigindo respeito ao torcedor, mas também queremos apresentar soluções. Uma das saídas seria o financiamento do BNDES para que os clubes reformem ou construam seus estádios", disse Queiroz à Folha.
"Como é possível que um time do porte do Corinthians não tenha estádio, que o Flamengo não tenha um estádio?", questinou o ministro -os dois têm campos próprios, mas que, devido ao tamanho acanhado, são usados normalmente para treinos.
A grande vantagem para os clubes, caso a proposta seja concretizada, é que o BNDES empresta dinheiro oferecendo aos tomadores condições de pagamento bem melhores do que as do mercado.
Embora Queiroz, que assumiu o cargo há somente dez dias, ainda não tenha levado a idéia ao BNDES, o futuro presidente do banco, Carlos Lessa, se diz um entusiasta do fortalecimento do futebol nacional -e considera o respeito ao torcedor um requisito básico nesse processo.
A maioria dos grandes clubes brasileiros possui projetos de construção ou modernização de estádios, mas os planos esbarram na crise financeira. Muitos têm de mandar seus jogos em estádios públicos -caso de Corinthians, que adotou o Pacaembu, e Flamengo, que atua no Maracanã.
Defasados e sem manutenção, os campos brasileiros são em sua maioria arapucas, em que acidentes não são raros -no Nacional-2002, 55 torcedores ficaram feridos após um tumulto num jogo no Brinco de Ouro, em Campinas.
A precária condição dos estádios nacionais foi um dos maiores entraves às candidaturas do país para abrigar as Copas de 1994 (nos EUA) e 2006 (Alemanha).
Queiroz faz uma defesa ardorosa da realização de eventos de grande porte no país, diz que o futebol precisa se profissionalizar e que o Brasileiro tem potencial para gerar tantas receitas quanto a NBA, a liga de basquete dos EUA.


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