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ORIENTE-SE COPA 2002
E o pior juiz do mundo é...
RODRIGO BUENO
DA REPORTAGEM LOCAL
S e você espera que eu escreva
aqui quem é o pior árbitro do
planeta ficará meio desapontado.
Mas darei alguns candidatos ao
prêmio (a Fifa, que elegeu o melhor jogador do século e elege agora o gol mais bonito, bem que poderia criar essa ""categoria").
A resposta para tal questão está
na Copa do Mundo, é claro. O
momento máximo do futebol é o
palco com maior visibilidade para tudo, até para os juízes ruins.
Um árbitro que comete um erro
bobo na pelada de segunda-feira
à noite já ganha alguma notoriedade. Mas o que pode ser melhor
(ou pior) para a carreira de um
péssimo juiz do que cometer erros
grosseiros em um Mundial, com
bilhões de pessoas assistindo?
A mais comentada arbitragem
foi a do suíço Gottfried Dienst,
que validou gol na final da Copa-66 (a que o argentino Rattin foi
expulso por não falar inglês)
quando a bola não ultrapassou a
linha do gol -o bandeirinha
Bakhramov teria subornado com
caviar membro da comissão de
arbitragem para atuar na final.
As manobras de Paulo Machado de Carvalho em 1962 foram
""boas", mas a história lembrará
sempre do juiz chileno Sergio Bustamante, que marcou falta fora
da área em um lance que era pênalti e anulou gol legítimo da Espanha contra o Brasil (em 86 não
deram um gol de Michel), ou do
peruano Yamazaki, que fez um
relatório bem favorável à seleção
brasileira após a expulsão de Garrincha na semifinal -o bandeirinha uruguaio desapareceu, e o
ponta-direita atuou na final.
As transmissões televisivas foram incrementadas com a tecnologia, mas a Fifa tratou de manter o juiz como astro, dando à figura mais odiada em campo (na
maioria das vezes) total poder de
decisão e o perdão para tudo.
Em 1982, o alemão Schumacher
quase matou o francês Batiston
em lance crucial do jogo, e o juiz
holandês Charles Corver nem falta marcou. A TV mostrou perfeitamente. O israelense Abraham
Klein foi xingado por brasileiros
(bem favorecidos contra a URSS)
por não marcar um pênalti em
Zico e pelos italianos por anular
gol legítimo. Tudo claro. Quatro
anos depois, Maradona marcou
com a mão na Inglaterra. Todo
mundo viu, menos o árbitro tunisiano Ali Bennaceur. Show!
O futebol evoluiu em todos os
sentidos, menos nos erros de arbitragem. No século 21, os juízes terão ainda mais autoridade (a Fifa os instruiu a não poupar cartões, por exemplo), e diversas câmeras, de vários ângulos, mostrarão novos erros para o mundo.
Simon (até agora só bem conhecido no Brasil) terá a chance de
globalizar sua imagem. Márcio
Rezende (Botafogo-95 e Copa-98), Renato Marsiglia (Corinthians-88 e Copa-94) e José Roberto Wright (Cruzeiro-87 e Copa-90) tiveram a chance, mas ficarão marcados só aqui no país.
E-mail rbueno@folhasp.com.br
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