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MADE IN BRASIL
Lição de casa
PROGRAMA DO GOVERNO ENSINA ALUNOS DE UMA ESCOLA
DE PEQUIM A CONHECER UM BRASIL IDÍLICO,
ADOTÁ-LO COMO SEGUNDO PAÍS
E TORCER POR RONALDINHO E CIA.
MARIANA LAJOLO
ENVIADA ESPECIAL A PEQUIM
Nas costas da camiseta preferida de Zhang Zi Hao, está escrito o nome de Ronaldinho sobre o azul e grená do Barcelona.
O garoto chinês de nove anos é
fanático pelo futebol brasileiro.
O fascínio pelo país de seu
ídolo ficou ainda maior com a
chegada dos Jogos Olímpicos.
Não apenas porque a seleção
poderá jogar em Pequim.
Zhang é aluno de uma das escolas que integram um programa do governo local sobre a
Olimpíada. Cada instituição foi
escolhida para torcer por um
país e aprender um pouco sobre seus costumes e história.
Para a maioria, foi um mergulho em um mundo completamente desconhecido.
Yang Ning, professora e uma
das coordenadoras da escola,
não sabia bem ao certo onde ficava o Brasil quando recebeu a
missão de ensinar os alunos.
Com pesquisas na internet e
ajuda da Embaixada do Brasil,
montou um panorama de informações básicas -recheadas
de estereótipos- sobre o país.
Yang diz não ter tido contato
com informações negativas sobre o país, como a violência.
"A gente só ouvia falar de futebol e samba. Eu não conhecia
nada da geografia do país, da
história, da cultura...", conta a
professora, que se encantou
com as paisagens brasileiras.
Yang ajudou os alunos a fazerem um mural que enfeita a escola Zhong Guan Cun. Fotos do
Carnaval, das cataratas do
Iguaçu, de índios e comidas típicas dividem espaço com saudações ao Brasil em chinês.
Apaixonado pelo futebol,
Zhang se tornou o aluno mais
aplicado. Em um evento com
Maurício de Souza, criador da
"Turma da Mônica", encheu o
cartunista de perguntas.
"Eu já sabia que o Brasil ficava na América do Sul e conhecia o futebol", diz, citando Inter, Flamengo, Corinthians,
América e São Paulo, seu time
brasileiro do coração.
"Agora, fiquei conhecendo
muito mais. Sei que a capital é
Brasília, que lá tem churrasco,
samba, plantação de café", conta ele. As aulas, porém, deixaram algumas lacunas. Zhang,
por exemplo, crê que o Rio é a
maior cidade do país.
Assim como os colegas, o garoto também se interessou pelas manifestações culturais
brasileiras. Uma das atividades
foi assistir a uma apresentação
de capoeira. "Eles nunca haviam visto de perto. Ficaram
encantados", afirma Yang.
Na escola, os alunos têm aulas de basquete, vôlei, kung fu e
taekwondo, mas é o futebol que
faz mais sucesso. O local ostenta uma ampla pista de atletismo, com campo de futebol, cestas de basquete e redes de vôlei.
"Sonho em ser jogador.
Aprecio a técnica dos brasileiros. Não há ninguém que jogue
como eles", diz Zhang.
O contato com as informações sobre o Brasil deixou os
alunos e a professora mais
atentos a tudo que acontece
nos Jogos. "Ficamos mais próximos do país. Isso cativou o interesse das crianças. Elas vêem
alguém com a bandeira na TV e
já ficam atentas", explica Yang.
Os olhos do pequeno Zhang
já estão atentos. Ele ensinou
aos pais tudo o que aprendeu. E
não esconde a ansiedade. Sim,
seu ídolo, Ronaldinho, pode jogar em Pequim.
"Eu acho que o Brasil vai ganhar, o basquete e o vôlei também são muito bons. Estou torcendo. Agora é como se fosse
meu segundo país."
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