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NATAÇÃO
Michael Phelps, 17, estraçalha recordes e vira principal aposta dos norte-americanos para a Olimpíada de Atenas
EUA celebram seu prodígio das piscinas
GUILHERME ROSEGUINI
DA REPORTAGEM LOCAL
Olhos fechados como se rezando, corpo estático prostrado em
frente à piscina, cabeça sacolejando de um lado para o outro, ao
som da música que chega pelos
fones de ouvido. "Ouço sempre
um rap antes de nadar. O ritmo
deixa meu corpo a ponto de bala."
O ritual que o nadador norte-americano Michael Phelps, 17, repete antes das provas que disputa
pode parecer estranho, mas o ajudou a se tornar o novo garoto-prodígio da natação dos EUA.
Coqueluche entre técnicos e especialistas do país, Phelps, dono
de dois recordes mundiais -nos
200 m borboleta e nos 400 m medley-, virou a principal aposta
dos americanos para Atenas.
Candidato a quatro ouros em
provas individuais na Olimpíada
-estimativa que nem o astro Ian
Thorpe (AUS) pode ostentar-,
Phelps deu o sinal definitivo de
seu potencial no último fim de semana, em Indianápolis.
Durante o duelo EUA x Austrália, o nadador melhorou em 36
centésimos sua marca mundial
dos 400 m medley, cravou
4min10s73 e sacramentou sua posição de "fenômeno".
"A concentração antes dos torneios é um dos meus segredos.
Ouço músicas e consigo evitar
distrações antes da prova que vou
nadar. Isso ajudou em toda a minha carreira", disse à Folha.
Apelidado de "Torpedo Americano" por seus entusiastas,
Phelps, além das provas em que
detém o recorde mundial, também pleiteia o ouro olímpico nos
100 m borboleta e nos 200 m medley. Assim, desbanca o australiano Ian Thorpe, dono de 18 marcas
mundiais e principal astro da natação, que tem chances de vencer
os 200 m, 400 m e 1.500 m livre.
Tanta euforia de seus compatriotas encontra respaldo na trajetória que Phelps construiu em
poucos anos de carreira, um percurso começou a ser forjado na
Olimpíada de Sydney-2000.
Lá, o esguio rapaz de 15 anos se
tornou o mais jovem atleta desde
1932 a representar os EUA na natação. Cravou 1min56s50 e ficou
em quinto nos 200 m borboleta.
Marcas mais expressivas, porém,
não demorariam para aparecer.
Julho de 2001. Campeonato
Mundial em Fukuoka, no Japão.
Nove meses após os Jogos, Phelps
marcou 1min54s58 nos mesmos
200 m borboleta. A performance
rendeu ao atleta, aos 15 anos e nove meses, o título de recordista
mundial mais jovem da história.
"Todos pensam que não conseguirei bons resultados no futuro
porque estou nadando muito
bem agora. Mas meu técnico está
fazendo um trabalho de longo
prazo. Sei que ainda não estou no
auge", disse Phelps, natural de
Baltimore (Maryland), que começou a nadar influenciado pelas irmãs, praticantes da modalidade.
No Campeonato Nacional dos
EUA, disputado em agosto de
2002, outra performance arrebatadora garantiu o segundo recorde mundial em seu currículo.
Olhos fechados, corpo estático,
fones nos ouvidos e cabeça balançando ao som do rap, Phelps caiu
na água, registrou 4min11s09 e superou com a marca mundial dos
400 m medley (4min11s76), que
perdurava desde Sydney-2000.
Apesar de já ter melhorado esse
tempo em 2003, ele garante que a
temporada ainda pode reservar
novas surpresas. "Procuro nadar
bem todas as competições e quero
chegar à Espanha em plena forma", revelou o atleta, referindo-se
ao Campeonato Mundial, programado para julho, em Barcelona.
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