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O PERSONAGEM
"Órfão" de russo, saltador sofre para ir aos Jogos
DA REPORTAGEM LOCAL
Um treinador estrangeiro sacudiu duas vezes a vida do atleta Jessé Farias de Lima.
Recordista brasileiro do salto
em altura, ele recebeu apoio da
Confederação Brasileira de
Atletismo para treinar e competir na Europa nos primeiros
meses desta temporada.
Em Portugal, país em que
passou a maior parte do tempo,
deparou-se com Robert Zotko,
veterano técnico nascido na
Rússia que acabara de colocar
um fim a um longo período de
trabalho com atletas italianos.
O pernambucano passou a
tomar lições com o especialista,
aprendeu vários macetes e começou a sonhar com uma boa
participação na Olimpíada de
Atenas, em agosto. Só que a
empolgação durou pouco.
Dias antes de Jessé mostrar o
primeiro resultado dos treinos
ao seu novo mentor, um acontecimento alterou completamente o rumo de sua carreira.
No dia 12 de fevereiro, o russo
morreu. Apesar do sobressalto,
Jessé deu mostras de que reagira bem ao fato ao cravar um
salto de 2,25 m no Meeting da
Eslováquia, poucos dias após
receber a notícia do óbito.
A marca fulgura até hoje como recorde brasileiro indoor.
Mas a resposta positiva estancou por aí. O único -e simples- pré-requisito que o esportista precisava cumprir em
2004 para assegurar sua vaga
na Olimpíada ainda não foi obtido. Mais: o prazo que o saltador tem para consegui-lo está
bem próximo do fim.
Em 2003, Jessé chegou a saltar 2,27 m e assim atingiu o índice B -o mínimo necessário
para competir em Atenas.
Neste ano olímpico, ele só
precisava repetir a marca para
carimbar o passaporte. Só que
ainda não pulou o suficiente.
"Depois que o meu técnico
morreu, passei a conduzir os
treinamentos sozinho. Já saltei
duas vezes 2,25 m no indoor.
Falta pouco", relata ele.
Jessé terminou o ano passado
com a 22ª melhor marca no
ranking mundial da Iaaf, entidade que comanda o atletismo.
Com esse retrospecto, acredita que ainda pode alcançar a
marca mínima e se classificar.
"Estou pronto para fazer 2,27
m ou mais. Só preciso acertar
as passadas", explica.
O prazo para repetir o índice
e assegurar a viagem à Grécia se
esgota no dia 11 de julho. "Na
minha carreira, já consegui três
vezes saltar 2,27 m ao ar livre.
Não é impossível."
(GR)
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