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FUTEBOL
Eurocoréia
RODRIGO BUENO
DA REPORTAGEM LOCAL
"Imaginava jogar a Euro e
depois ver o que aconteceria. Até porque tinha ainda uma
possibilidade de permanecer na
seleção até o Mundial. Mas,
quando meu presidente disse que
se eu ganhar ficará muito difícil
me manter porque sou um treinador muito caro, entendi mais ou
menos como um recado. A partir
desse momento, tenho ouvido
propostas de clubes e seleções.
Provavelmente, em alguns dias,
devo ter uma definição de onde
trabalharei, independentemente
de vitória ou derrota na Euro."
Luiz Felipe Scolari é o personagem principal da Eurocopa para
o Brasil e estará mais na mídia do
país nos próximos dias do que
treinadores que ainda estão por
aqui. Seu futuro no sensacional
torneio que começou ontem em
Portugal é bem mais incerto que
seu futuro profissional: a Coréia
do Sul. No dia 19 de maio, quando havia especulações de sua ida
para o Barcelona e quando ainda
não tinham anunciado furadamente seu acerto com o Benfica,
ele atendeu este colunista.
"Barcelona, não. Tive uma proposta quando já tinha meio ano
de contrato. Tinha outros clubes e
outras situações que eu poderia
ter ouvido e não quis porque estava direcionado para a Euro. Meu
filho estuda aqui e tem interesse
em permanecer em Portugal.
Mas, depois do que aconteceu,
pensarei de outra forma. Tenho
proposta para ouvir e fazer para a
Coréia do Sul. Futuramente, vamos ver os valores e o que interessa para a Coréia e para mim."
Gilberto Madaíl, presidente da
federação portuguesa, disse certa
vez que o ventilado salário de Felipão (US$ 150 mil) é uma aberração. O valor pode não ser esse,
mas o contrato do treinador brasileiro é o maior já feito pela entidade com um profissional. O fracasso ou o sucesso na Eurocopa,
pelas palavras de Scolari e pelas
possibilidades da federação lusa,
levará o técnico do penta à Coréia
do Sul, país em que ele começou a
ganhar o seu maior título.
A trajetória de Felipão na Eurocopa, porém, não interessa só a
ele. Há um pensamento de que
um triunfo português abriria de
vez as portas para os técnicos brasileiros na Europa. Pode até ser
uma idéia furada, mas tal conquista seria logicamente algo
100% positivo para os "brazucas".
"Aqui, o técnico brasileiro recebe sempre ofertas do 10º ao 20º,
nunca do sexto ao primeiro. As
dificuldades são grandes. Tem
muitos técnicos bons na Europa,
mas, se treinadores do Brasil viessem aqui e tivessem oportunidade, tenho certeza de que fariam
muito porque são competitivos,
não aceitam o segundo lugar, não
aceitam disputa só para não cair.
Nossa cultura é essa", diz Felipão.
Não sei como foi o jogo de abertura da Eurocopa (escrevi a coluna na sexta), mas estou certo de
que quase todos os treinadores do
país, em concentrações e no ócio
ontem à tarde, estavam atentos
no Portugal x Grécia (ainda mais
com TV aberta). Saibam vocês,
técnicos "brazucas", que Felipão
acha mesmo que pode ajudá-los.
"Chegando lá, a gente começa a
dar o primeiro passo em uma escada que muitos outros poderão
subir", disse ele, que deve deixar o
próprio cargo vago aos "irmãos".
América do Salomão
Incrível. Não é a Venezuela a sensação das eliminatórias da Copa. É a
seleção das Ilhas Salomão, que deixou a Nova Zelândia fora da disputa. Agora, só restaram nas eliminatórias da Oceania a favorita Austrália e a grande zebra Ilhas Salomão, que está a um passo da repescagem com o quinto colocado da América do Sul (já imaginou o que
seria jogar lá?). O time salomônico já arrancou um empate com a
equipe australiana em Adelaide, um 2 a 2 com dois gols de Menapi.
Pode até ser que a Austrália tenha facilitado para o adversário para
prejudicar a Nova Zelândia. Mas o mundo é mesmo outro lá. Vanuatu bateu a Nova Zelândia por 4 a 2. O técnico da Austrália apontava
antes da disputa Vanuatu como a terceira e mais nova ameaçadora
força da região oceânica. Porém Vanuatu perdeu de 1 a 0 das Ilhas Salomão. Frank Farina, o técnico australiano, que se cuide agora.
E-mail: rbueno@folhasp.com.br
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