|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
ATENAS 2004
Derrotas que arruinaram campanha no Mundial feminino de basquete criam no técnico trauma das asiáticas
Brasil agora teme ex-freguesas orientais
LUÍS CURRO
EDITOR-ASSISTENTE DE ESPORTE
Duas derrotas seguidas. Bastou
isso para que os países asiáticos,
fregueses da seleção brasileira feminina de basquete há dez anos,
passassem a ser agora temidos.
"Não gosto de jogar contra as
asiáticas", disse à Folha o técnico
Antonio Carlos Barbosa, que nesta semana deu início, em São Paulo, aos treinos da equipe para a
Olimpíada de Atenas, em agosto.
Ao falar dos possíveis rivais do
Brasil em um mata-mata na Grécia, o treinador quer China ou Coréia longe -na primeira fase, pega obrigatoriamente o Japão.
"Prefiro fugir delas, que não
têm jogadoras pesadas e tiram as
nossas do garrafão. Nosso jogo
encaixa mais com o das européias." República Tcheca e Espanha são potenciais oponentes.
Desgostoso, o treinador ainda
traz na memória a pífia campanha do Brasil no Mundial-2002.
Depois de cinco vitórias e uma
derrota na fase inicial, tinha pela
frente a "zebra" Coréia do Sul nas
quartas-de-final. O Brasil terminou o primeiro tempo com a confortável vantagem de 11 pontos.
Cedeu terreno e, no fim, as sul-coreanas triunfaram por um ponto.
No jogo seguinte, uma das vítimas das brasileiras na primeira
fase, a anfitriã China. E, com ela,
nova derrota. De novo, por um
único ponto. E o Brasil deixou a
Ásia com a sétima colocação.
Barbosa, à frente da seleção desde 1997, balançou no cargo por
quase quatro meses. Mantido, ganhou sobrevida ao classificar no
ano passado o time para Atenas.
O trauma das asiáticas surge
exatos dez anos após o Brasil ter
alcançado, em cima da China, a
maior conquista de sua história.
Ontem foi o aniversário de uma
década da vitória na Austrália que
rendeu à seleção, então comandada por Miguel Angelo da Luz (e na
quadra por Paula e Hortência), o
inédito campeonato mundial.
Outro resultado marcante da
seleção, o bronze na Olimpíada de
Sydney, há quatro anos, também
foi obtido à custa de um país
oriental -a Coréia sucumbiu.
Presente nas duas conquistas e
também nas derrotas no último
Mundial, a pivô Alessandra diz
que o Brasil só perdeu porque
"faltou aplicação na defesa".
"Os asiáticos não são como os
brasileiros. O talento deles é fabricado pela repetição, por isso são
bons só no tênis de mesa. Joguei
na Coréia três meses, sei como é.
Perdemos porque achamos que
eram anãs, que já estava ganho."
A armadora Helen, que estava
na Rússia, reconhece que as asiáticas são "velozes e chutam bem
de três pontos", mas não titubeia
na opção: "Prefiro a China à República Tcheca. As européias são
muito fortes [fisicamente]".
Texto Anterior: Futebol - Tostão: Mudança e repetição Próximo Texto: Saiba mais: Austrália é algoz, e África oferece oponentes ideais Índice
|