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Canoas já "aqueceram" a Guerra Fria
DO ENVIADO A SÃO VICENTE
A história das provas
olímpicas de canoagem
são ricas em disputas entre representantes dos
blocos capitalista e socialista, que levaram para o
esporte a rivalidade travada no campo político.
O maior exemplo disso é
o ano de estréia da prova
de slalom. Os anfitriões
alemães ocidentais gastaram 17 milhões de marcos
(ou US$ 4 milhões, em
1972) para construir um
rio artificial para a disputa.
Esperavam levar vantagem por conhecerem o local da prova olímpica.
Mas a Alemanha Oriental teve acesso ao projeto
do rio, estudou a instalação e construiu uma idêntica de seu lado do Muro
de Berlim. E acabou com
as quatro medalhas de ouro do slalom em Munique.
Em 1979, o soviético
Vladislavas Cesiunas
(campeão olímpico no C2
1.000 m em 1972) voltou à
Alemanha Ocidental. Depois de passar uns dias
com paradeiro desconhecido, o governo do país capitalista disse que ele desertara. Semanas depois,
ele reapareceu na Lituânia
com o discurso de que retornara ao bloco socialista
por vontade própria.
O lado ocidental falava
que ele foi seqüestrado e
reconduzido à força para a
União Soviética. Os soviéticos alegaram que ele foi
enganado por uma mulher
que o dopou na Alemanha
Ocidental após convidá-lo
para dormirem juntos.
O colapso da URSS gerou ainda o fenômeno de
um canoísta competir em
três edições seguidas da
Olimpíada, cada uma por
um país diferente.
Natural de Moldova, Nikolai Zhuravsky ganhou
dois ouros em Seul-1988
como soviético. Em 1991,
ele atravessou a fronteira
para a Romênia e se naturalizou. Treinou duas semanas com um parceiro
romeno, com quem terminou em quarto lugar no C2
500 m e no C2 1.000 m.
Depois de se aproximar
do pódio em Barcelona-1992, voltou para Moldova
e convenceu o antigo parceiro a largar o emprego de
técnico em Belarus para
ganhar a prata com ele em
Atenas-1996.0
(LF)
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