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FUTEBOL
Sem falar em revanche, Brasil pega algoz mudado
Time bate China, crava melhor campanha e encara agora Camarões
Brasileiros evitam palavra vingança contra africanos, que trocaram ataque por defesa após vencerem a seleção em Sydney-2000
PAULO COBOS
ENVIADO ESPECIAL A QINHUANGDAO
A seleção brasileira terá no
sábado a chance de vingar
uma das mais doloridas derrotas do país no futebol.
Com a vitória sobre a China
ontem, por 3 a 0, em Qinhuangdao, o time do técnico
Dunga avançou como primeiro colocado de sua chave às
quartas-de-final da Olimpíada, onde terá os Camarões pela frente. Chega à fase seguinte com 100% de aproveitamento, nenhum gol sofrido e
o melhor ataque do torneio.
Enquanto isso, o time africano de hoje tem características bem diferentes daquele
que eliminou o Brasil nos Jogos de Sydney, em 2000, na
prorrogação e com dois jogadores a menos, por 2 a 1.
Na ocasião, a derrota, somada a escândalos extracampo,
resultou na queda do treinador Vanderlei Luxemburgo.
Há oito anos, a equipe dos
Camarões tinha como craque
um atacante -Samuel Eto'o,
do Barcelona. Hoje, o destaque é um zagueiro que vem jogando como volante: Song.
Reflexo disso são as campanhas do país nas duas Olimpíadas. Na Austrália, a equipe
africana tinha um bom ataque, média de 1,83 gol por
confronto. Em compensação,
sua defesa se mostrava um
tanto quanto vulnerável: sofreu 1,33 tento por partida.
Em Pequim, o time camaronês é fraco no ataque (só 0,67
gol por partida), mas forte na
defesa (0,33). Nenhum dos 16
times nos Jogos fez duelos
com tão poucos gols -três em
três jogos. "Isso de que as seleções africanas jogam no ataque é pura balela", provoca o
volante Anderson. "Camarões
evoluiu muito taticamente",
afirma outro volante, Lucas.
Os africanos tinham como
uma das estrelas na Austrália
o atacante Mboma, autor de
um dos gols contra o Brasil.
Ele tinha na época 29 anos. O
time atual tem só um jogador
acima de 23 anos. E ainda é
um coadjuvante da equipe -o
atacante Bebbe, 25.
Apesar do histórico de derrota para os africanos, a comissão técnica e os jogadores
evitaram classificar a partida
de sábado como uma revanche. "Cada competição é uma
história. Não tem nada de revanche. É só uma segunda
chance", diz o meia-atacante
Ronaldinho, o único que também estava no Brasil batido
pelos Camarões em 2000.
"Eu lembro também que ganhamos deles na Copa de
1994", diz Dunga, em referência aos 3 a 0 na campanha do
tetracampenato, nos EUA. A
seleção camaronesa venceu o
Brasil (1 a 0) na Copa das Confederações de 2003.
Ontem, Brasil e China estavam cheios de desfalques -o
Brasil o fez por opção, para
poupar pendurados por cartões, e a China, por obrigação,
pois tinha quatro suspensos.
Os anfitriões até pressionaram no início da partida, mas
logo perderam a força e foram
para o vestiário perdendo por
1 a 0, gol de Diego.
No intervalo, Dunga sacou
Alexandre Pato, que perdera
duas chances claras na primeira etapa. Ele preferiu ficar
no vestiário sozinho a permanecer com os companheiros
no banco na segunda etapa.
E, sem o atacante do Milan,
mais uma vez o ataque brasileiro foi melhor, graças principalmente a Thiago Neves, do
Fluminense, que marcou
duas vezes -uma em cobrança de falta e outra chutando da
entrada da área. Com isso, a
seleção chegou a nove gols na
competição olímpica, média
de três por partida.
59
faltas sofreu a seleção
brasileira nos três jogos
que fez até agora na
Olimpíada. Nenhum dos
16 participantes do torneio apanhou tanto até
agora. Dois atletas brasileiros dividem o primeiro
lugar dos que mais sofreram infrações -o volante Hernanes e o meia
Diego, cada um com sete
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