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Bonequinha de luxo
Mulheres ocupam cada vez mais espaço na mídia e nos Jogos, mas ainda estão distantes do poder
ADALBERTO LEISTER FILHO
FÁBIO SEIXAS
ENVIADOS ESPECIAIS A ATENAS
Na Vila Olímpica, nos desfiles,
quadras, campos e piscinas, ocupam cada vez mais espaço. Atléticas, com uniformes propositalmente colados, com biquínis ou
maiôs, tomam capas de revista,
outdoors, páginas de jornais.
Atenas as expõe. Pelo calor da
Grécia e pelo da mídia, que, em
muitos casos, não precisa de sucesso ou medalhas para justificar
a ânsia de mostrar seus corpos.
São muitos. Nunca foram tantos e nunca tiveram tanta participação. Na 28ª Olimpíada da Era
Moderna, 4.520 (40,8%) dos atletas são mulheres. O recorde anterior pertencia a Sydney-2000,
3.978, ou 39,1% do total.
Mas, nos bastidores, o cenário
não é tão cor-de-rosa. Elas ainda
estão longe do comando, tanto no
Brasil como no mundo. Das 28 federações esportivas internacionais representadas em Atenas, só
duas têm mulheres no comando.
Entre as confederações brasileiras com atletas nos Jogos, 20 são
comandadas por homens e apenas uma, a da ginástica, é dirigida
por mulher, Vicélia Florenzano.
E, no banco, o país contabiliza 50
técnicos em Atenas, contra apenas quatro treinadoras.
"Hoje há mais dirigentes homens porque antigamente os atletas eram todos homens. Acho que
muitas das mulheres que hoje
competem serão dirigentes no futuro", disse Barbara Laffranchi,
técnica e chefe de missão da equipe brasileira de ginástica rítmica.
"A tendência é ver cada vez
mais mulheres na chefia. A mulher é mais responsável, é mais rápida nas decisões e está mais acostumada a pegar no pesado."
Em competições abertas (para
homem e mulher), ainda são os
homens quem dominam tanto
em número de competidores como em conquistas de medalhas.
É o caso, por exemplo, da vela. A
classe laser, de Robert Scheidt,
apesar de ser mista, nunca teve
uma mulher no pódio. O mesmo
ocorre na tornado, em que nenhuma mulher medalhou desde a
estréia da classe, em Montréal-76.
No hipismo, os homens também prevalecem no concurso de
saltos. Só há uma mulher entre os
top ten, Elisabeth Madden (EUA),
em oitavo. Igualmente solitária
está Luciana Diniz-Knippling na
equipe brasileira, a primeira mulher no time olímpico em 16 anos.
Inferiores no poder e no combate
direto, as mulheres também não
disputam um número de medalhas
que reflita sua
crescente participação na família
olímpica. Pelo menos por enquanto,
somente 39% dos
pódios são destinados a elas.
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