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FUTEBOL
Se conseguirem tirar clube da fila, atletas, técnico e até presidente deixarão para trás dramas pessoais e profissionais
Santistas tentam coroar volta por cima
FÁBIO SEIXAS
RICARDO PERRONE
DA REPORTAGEM LOCAL
A torcida do Santos se preparou
para um dia histórico hoje, na esperança de ver seu time sair da fila
de 18 anos e renascer com a conquista do inédito título brasileiro.
E, se tudo der certo, os atletas, o
técnico Emerson Leão e até o presidente Marcelo Teixeira irão coroar as suas voltas por cima na carona do ressurgimento do clube.
A equipe que pode quebrar o jejum de um título de expressão está recheada por jogadores que viveram dramas pessoais e profissionais e agora experimentam a
sensação de se recuperarem.
Na série de superações está a
trajetória do goleiro Fábio Costa,
que operou o tornozelo direito há
cinco meses e tinha a sua volta ao
time praticamente descartada
neste ano. "O pessoal acreditava
que só pudesse voltar na pré-temporada de 2003, mas agora posso
viver esse momento importante
para o clube", disse ele.
O lateral-direito Michel, que
disputa uma vaga no time hoje
com Maurinho, também pode coroar uma virada em sua vida.
Em maio deste ano, ele foi suspenso por quatro meses por ter sido pego no antidoping após a vitória por 3 a 2 sobre o São Paulo,
no Rio-SP. Seu exame deu positivo para maconha, e ele temeu o
fim prematuro de sua carreira.
"Se estivesse em outro clube,
talvez nunca mais voltasse a jogar,
mas o Santos me apoiou. Fui discriminado pelas pessoas na rua e
hoje já me sinto um vencedor."
Michel voltou como reserva,
mas atuou no primeiro jogo da
decisão por causa da suspensão
de Maurinho. Considerado um
dos principais responsáveis por
anular o forte setor esquerdo corintiano, tem boas chances de começar jogando na finalíssima.
O zagueiro André Luís é outro
representante dessa legião que superou o inferno astral. Em 2001,
caiu em desgraça após perder
uma disputa de bola com o corintiano Gil. Em seguida, Ricardinho, hoje no São Paulo, marcou,
aos 48min do segundo tempo, o
gol que colocou o Corinthians na
final do Paulista daquele ano e eliminou o Santos da competição.
Escorraçado da Vila Belmiro,
ele foi emprestado ao Fluminense
e fez os dois gols da vitória do time
carioca sobre o Santos, por 2 a 1,
no Nacional do ano passado. "Devo muito ao [técnico] Oswaldo de
Oliveira, que me deu muito carinho nos tempos de Fluminense."
Na atual edição da competição,
ele ganhou a confiança de Leão e
se firmou como titular com Alex.
Outra reviravolta aconteceu
com Alberto. Depois de rodar de
clube em clube, entre eles o Palmeiras, o atacante encontrou espaço no Santos, mesmo com as jovens revelações Diego e Robinho. Alberto é o artilheiro da
equipe no Nacional, com 12 gols.
Ele marcou um na vitória de domingo passado e não jogará hoje
por estar suspenso, mas tem presença assegurada no Morumbi.
"Para mim, foi o ano da virada.
Tenho competência, mas nunca
tinha recebido uma chance."
Enquanto os jogadores falam
abertamente em festejar a volta
por cima, Leão nega que experimente um sentimento parecido.
"Para dar a volta por cima, você
precisa estar por cima. Sou bastante exigente. Acho que um jogador só está por cima depois de atuar muito bem por cinco anos
num clube grande", declarou.
Porém, ao levar a jovem equipe
santista à final, após a diretoria temer o rebaixamento no início da
competição, ele recuperou prestígio. Antes do Santos, ele estava
em baixa, demitido pela CBF após
fracassar com a seleção brasileira
na Copa das Confederações.
Na cúpula do Santos, o presidente Marcelo Teixeira também
pode comemorar uma vitória
pessoal. Depois de fracassar na
tentativa de quebrar o jejum com
times milionários, ele busca a
consagração com um elenco que
custou pouco ao clube. O gasto
mensal com salários de jogadores
é de cerca de R$ 300 mil -no Corinthians, a despesa mensal com o
futebol chega a R$ 1 milhão.
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