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São Paulo, domingo, 16 de março de 2003

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Experts na era pós-pontos corridos, Corinthians e São Paulo decidem Estadual a partir de hoje

Paulista celebra a licença para matar

Fernando Santos/Folha Imagem
Luis Fabiano, do São Paulo, que vai para a final em busca da artilharia; ele já fez seis gols, um a menos que Rico e Ricardo Oliveira


RODRIGO BUENO
DA REPORTAGEM LOCAL

Nada como uma final entre Corinthians e São Paulo para fechar mais um Campeonato Paulista com regulamento maluco.
Os dois clubes são os que mais lucraram na história do Estadual com a derrocada do sistema de pontos corridos, o mais simples e que norteou o torneio até 1972.
Das últimas 30 edições do Paulista, 19 foram conquistadas por corintianos e são-paulinos (63,3% dos títulos, e os dois times não jogaram a competição passada).
Corinthians e São Paulo ganharam a maioria de seus Paulistas com regulamentos pouco convencionais, como o atual, que prevê vantagem do empate para o Corinthians pelo critério disciplinar, mas que dá essa vantagem ao São Paulo pelo critério técnico.
Palmeiras e Santos, eliminados por Corinthians e São Paulo, respectivamente, ganharam a grande maioria de seus títulos estaduais por pontos corridos.
Levando-se em conta apenas as edições com esse sistema de disputa, o Palmeiras é o maior vencedor do Estado, com 15 troféus.
Até 1972, quando o regulamento seguia quase sempre o modelo europeu, o Corinthians era o segundo em número de conquistas, e o São Paulo, apenas o quinto.
O último título paulista do Santos, em 1984, saiu devido aos pontos corridos. Os dois últimos títulos do Palmeiras no Paulista também vieram quase dessa forma -em 1994, o sistema era mesmo de pontos corridos e, em 1996, como a equipe ganhou os dois turnos, não houve mata-mata.
Nos últimos 30 anos, já ocorreram cinco finais do Paulista entre corintianos e são-paulinos (1982, 83, 87, 91 e 98). Com a deste ano, o confronto passa a ser agora o mais decisivo da história do torneio.
Corinthians e São Paulo comprovaram mais uma vez que sabem se adaptar bem às mudanças de regulamento do Paulista -a fórmula é alterada a cada ano, sistematicamente, depois de 1972.
O São Paulo trilhou um caminho tranquilo até a final após ceder um empate para o Santo André no Morumbi depois de estar vencendo por 2 a 0. Além de eliminar o Santos com o resultado, classificou a modesta equipe do ABC e a derrotou nas quartas. Nas semifinais, encarou a Portuguesa Santista e aplicou goleada.
O Corinthians, que perdeu do único clube da Série A do Brasileiro que enfrentou (São Caetano), conseguiu, por ter dois gols a mais de saldo que o União Barbarense, jogar nas quartas, em casa e pelo empate, um jogo contra um time que foi campeão de sua chave.
Nas semifinais, o time eliminou o Palmeiras, arqui-rival que se intimidou e facilitou as coisas no segundo confronto entre os dois.
As campanhas dos finalistas são parecidas: 20 pontos, 6 vitórias, 2 empates e 1 derrota. No saldo de gols, o São Paulo leva a melhor (17 a 8). Na disciplina (menor número de cartões vermelhos e amarelos), o Corinthians é superior.
Uma das armadilhas do regulamento (que deixou o nono colocado, Santos, mais de 20 dias sem jogar, por exemplo), a vantagem de jogar por dois empates já é a grande discussão da decisão.
O Corinthians, contra quem é sempre ""duro" decidir (segundo muitos envolvidos no futebol), e o São Paulo, que ganhou rótulo de time de chegada a partir dos anos 80 (ultimamente, a fama ficou ameaçada), vão lutar dentro de campo e também nos bastidores.
Ao menos a complicada final do Paulista apontará o começo do mais simples Campeonato Brasileiro, enfim por pontos corridos.


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