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Escolha premia ação pioneira nos bastidores
DA REPORTAGEM LOCAL
O primeiro país não-europeu a
se ligar à Fifa foi a África do Sul,
mas oficialmente esse pioneirismo tem sido cortado da história
por retratar o forte racismo que
imperou durante quase todo o século 20 na sede da Copa de 2010.
Até 1909, a ""família do futebol"
contava com um seleto grupo de
15 países europeus. Uma federação sul-africana então se inscreveu como membro da entidade
internacional. A Associação de
Futebol da África do Sul, depois
conhecida como Fasa, nasceu em
1892 em um dos ""territórios britânicos" do país e era uma entidade
""100% branca", como se gabava.
Outras federações de futebol
sul-africanas foram aparecendo
com o decorrer dos anos devido
ao racha racial no país -Saifa,
Sabfa e Sacfa foram criadas, respectivamente, em 1903, 1933 e
1936. A Fifa, porém, apenas via a
entidade genuinamente branca.
Só dois anos após a África do
Sul estrear na Fifa outros não-europeus integraram a ""família".
Argentina, Canadá, Chile e EUA
foram os países de outros continentes que se filiaram antes da
Primeira Guerra Mundial.
Consta que a África do Sul se filiou à Fifa só em 1992, mas essa é a
data de admissão da atual federação sul-africana. Só nesse ano a
comunidade internacional entendeu que havia uma única entidade dirigindo o futebol do país.
A África do Sul ficou décadas
exilada por questões raciais. Nos
anos 40, com várias federações
atuando, houve algumas disputas
envolvendo brancos e negros,
mas a instalação do apartheid, regime de segregação racial implantado em 1948, ampliou o racha.
Em 1959, o profissionalismo
chegou ao futebol sul-africano,
mas a liga nacional nasceu apenas
admitindo brancos. A Fifa havia
atestado oficialmente a Fasa em
1958. A federação poderia representar o país, mas sua insistência
em repudiar os negros resultou na
suspensão da seleção em 1962.
A federação 100% branca, tentando amenizar a situação, chegou a sugerir à Fifa que poderia
haver um revezamento racial em
Copas. No Mundial de 1966, na
Inglaterra, os brancos defenderiam a África do Sul. Para a Copa
do México, quatro anos depois, o
país enviaria um time de negros.
Para dar uma impressão menos
racista, foi até armado um jogo
entre os brancos do Germiston
Callies e os negros do African Pirates em Maseru, no Lesoto.
Em 1972, uma liga profissional
não-branca foi criada no país. A
população negra tinha o futebol
como seu esporte predileto. Quatro anos depois, o país era formalmente expulso do quadro da Fifa.
As ligas branca e negra se fundiram em 1978, mas houve pouca
integração racial em campo. O
apartheid perdurou até a primeira metade dos anos 90, quando o
futebol do país pôde se ""libertar".
Em 1991, nasceu a atual federação sul-africana, entidade aberta a
todas as raças e com princípios
democráticos. Com brancos e negros juntos, o país recebeu e venceu a Copa da África em 1996 e foi
à Copa em 1998 e 2002.
(RBU)
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