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FUTEBOL
A loteria da Libertadores
RODRIGO BUENO
DA REPORTAGEM LOCAL
A barreira das 600 cobranças de pênaltis na história do
mata-mata da Libertadores já ficou bem para trás após esta legal
temporada. Incrível, mas cinco
dos oito confrontos das oitavas-de-final do nobre interclubes sul-americano foram definidos por
meio de penalidades máximas.
Nenhuma outra disputa no planeta convida tanto para a emocionante e cruel forma de desempatar uma partida. Na Copa dos
Campeões, há prorrogação, leva-se em conta bastante o gol marcado fora de casa (como aqui na Copa do Brasil) e a proposta é mesmo evitar ao máximo o drama
derradeiro ""na marca da cal".
A Libertadores já teve nove finais decididas em disputas de pênaltis. Nos últimos cinco anos, foram quatro campeões determinados dessa forma, ainda aprovada
pela Fifa -a decisão do ano passado entre Boca Juniors e Santos
pinta como exceção neste século.
As cinco séries de pênaltis da última semana já superaram o número de decisões desse tipo em
2003 e ameaçam o recorde histórico da Libertadores. Em 1994,
1997 e 2000, tivemos na tradicional disputa sul-americana seis
disputas de penalidades. O grande equilíbrio verificado neste ano,
quando podemos ter os clássicos
Santos x São Paulo e Boca Juniors
x River Plate nas semifinais, quase garante a quebra dessa marca.
Se as contas não estão erradas,
cerca de 32% dos pênaltis batidos
nessas decisões da Libertadores
foram desperdiçados. São aproximadamente 200 ""vilões" que falharam na hora H desde 1977,
quando Cruzeiro e Boca Juniors
fizeram a primeira disputa do tipo na história da competição.
Desde 1988, com o advento da
série de mata-matas no torneio,
surgiram decisões tão trágicas
quanto cômicas. Em 1989 e em
1990, por exemplo, o paraguaio
Olimpia e o colombiano Nacional
se cruzaram em acirradas disputas. Nas duas oportunidades, foram nove penalidades equivocadas. Uma vitória para cada lado.
O Newell's Old Boys e o América
de Cali chegaram a fazer uma
disputa com 26 pênaltis na semifinal de 1992. Tudo para o time
argentino avançar e perder, nos
pênaltis, para o São Paulo, que
cairia dois anos depois da mesma
forma diante do Vélez Sarsfield.
O Cruzeiro conseguiu contra o
América de Cali na quinta-feira
perder seus três primeiros pênaltis. Não precisou mais nada, pois
apanhou de 3 a 0 na ""decisão".
A cobrança do goleiro Gaona,
do Rosario, contra o São Paulo foi
a grande cena dos últimos dias.
Não há dúvida de que é uma
ótima pedida para os árbitros levar a decisão para as penalidades, uma vez que nesse tipo de decisão os profissionais do apito ""lavam as mãos". Talvez isso explique mais porque a Libertadores
reserva sempre tantas emoções.
Mesmo jogos que não parecem
bons têm grande chance de apresentar o chamado "gran finale".
Há quem diga que a Libertadores é torneio para macho, o que é
sempre repetido quando acontecem confusões como a que vimos
no estádio Azteca no movimentado duelo entre América e São
Caetano, mas seria mais correto
afirmar que é uma competição
para especialistas em pênaltis.
A loteria da Copa dos Campeões
A maior loteria do torneio é fazer tradicionalmente a decisão em um
jogo só. A última foi nos pênaltis, mas foram ""só" sete assim.
A loteria do Campeonato Italiano
A Rede TV! vai fazer um teste hoje ao transmitir Milan x Brescia. Se a
audiência for legal, pode ser que tenhamos de novo o Italiano na TV
aberta durante toda a próxima temporada. Boa sorte no Ibope!
A loteria dos técnicos
Alex Ferguson, do Manchester United, lidera a lista dos mais bem pagos ( 8,4 milhões por ano). Na seqüência, aparecem Sven Goran Eriksson, da Inglaterra ( 5,4 milhões), Fabio Capello, da Roma ( 4
milhões), e Arsene Wenger, do Arsenal ( 3,4 milhões).
E-mail: rbueno@folhasp.com.br
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