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FUTEBOL
Seleção mala
FLAVIO PRADO
ESPECIAL PARA A FOLHA
Não quero ser saudosista,
mas tenho saudades dos
tempos em que o país parava ao
ouvir a convocação da seleção
brasileira para qualquer jogo,
mesmo que amistoso.
Hoje ela está banalizada, e
quem puder se livrar dá um jeito
de cair fora. Nem estou falando
dos jogadores, que ainda falam
com carinho do time nacional. Os
clubes, no entanto, querem distância desses jogos, especialmente
os não oficiais.
A seleção brasileira deixou de
ser uma atração especial para
nós, primeiro pelo número enorme de partidas contra adversários de baixo nível e depois por
convocar jogadores de condição
no mínimo discutível, bastando
para isso um bom lobby e alguns
momentos de brilho em seus times de origem.
No passado, para alguém ser
chamado era preciso anos de bom
futebol, categoria indiscutível e
certeza de que acrescentaria algo
com a camisa nacional. Atualmente chamam jogadores para
fazer testes e logicamente para
entrar no mercado dos empresários internacionais.
Seleção virou sinônimo de negócio e joga-se na China, na Tailândia, contra El Salvador ou Andorra. Perdeu-se o glamour e somente em alguns raros momentos
o time brasileiro comove o país
como antes. Às vezes vem o pior,
torneios malas como a Copa
América, do meio do ano, que vai
tirar titulares dos principais times
brasileiros, no meio do Campeonato Brasileiro, por 35 dias.
Ou seja, ceder craque para a seleção não será uma honra, mas
uma desgraça. É como entregar o
torneio aos principais adversários. Como o São Paulo vai se virar sem o Luis Fabiano, ou o Santos sem Robinho e Diego, ou ainda o Flamengo sem Felipe?
Será possível que ninguém percebeu que era tempo demais num
momento tão importante da nossa principal competição? A seleção deveria ir no máximo com
um time de garotos ou não ir. O
que adianta jogar a Copa América? Ganhar ou perder vai acrescentar o que para o Brasil?
Já não basta mais a CBF usar os
craques para ganhar milhões de
dólares, sem repassar nada para
os clubes, agora virá um momento de desfalcar os times por períodos longos, que fatalmente implicarão em prejuízos futuros na
parte técnica e na ausência de público dos estádios. Nunca poderia
imaginar que a seleção viraria
uma mala sem alça como agora.
Os clubes europeus sentem até
arrepios com as convocações e os
times brasileiros tentam manter a
pose, mas sabem que só têm a perder com a saída de suas maiores
atrações. E os torcedores percebendo isso ficam indiferentes com
a seleção e às vezes nem sabem
que ela vai jogar os tais amistosos
ou competições menores. Que
saudades da seleção que empolgava. Hoje isso só existe em eliminatórias e Copas do Mundo. No
mais ou dá tédio ou atrapalha as
nossas melhores competições.
Decadência
O futebol uruguaio continua
dando pena. Não bastou perder
para a Venezuela por 3 a 0 em
pleno estádio Centenário. Agora também o campeão nacional
foi eliminado da Libertadores
por um time venezuelano.
Destino
Vágner Love diz que aceita jogar na Rússia ou na Ucrânia. É
falta de orientação. Um jogador
com o nível dele tem que sonhar mais alto e não se esconder em troca de alguns dólares,
que nem sempre são recebidos.
Transferência
O Ricardinho deve estar arrependido até a alma de ter trocado o Corinthians pelo São Paulo. Além de todas as frustrações vividas no Morumbi, agora ele
não pode jogar no Brasil até o
final do ano. Pior é que o São
Paulo também não tem motivos para comemorar nada.
Flavio Prado, 50, é apresentador do
"Mesa Redonda" da TV Gazeta e comentarista da rádio Jovem Pan
Tostão está em férias
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