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Sou campeão
COM O TEMPO DE 21S30 , CÉSAR CIELO FILHO É O PRIMEIRO NADADOR BRASILEIRO A CONQUISTAR A MEDALHA DE OURO OLÍMPICA E DIZ TER REALIZADO SONHO DE INFÂNCIA
MARIANA LAJOLO
ENVIADA ESPECIAL A PEQUIM
César Cielo Filho disse que
buscaria a prova perfeita. A
perfeição: bater a mão em primeiro na final dos 50 m livre.
Ontem, o nadador de 21 anos
cumpriu a promessa, marcou
21s30 e conquistou a primeira
medalha de ouro da história da
natação brasileira. Cielo é também o primeiro atleta do país a
subir ao topo do pódio nos Jogos Olímpicos de Pequim.
"Foi, sem dúvida, a melhor
prova da minha vida. É o melhor momento da minha vida,
era um sonho de criança. Agora
sou campeão olímpico. Todos
esses anos longe da minha família valeram a pena", afirmou
ele, que vive e treina nos Estados Unidos há quase dois anos.
Dois franceses completaram
o pódio -Amaury Leveaux,
com 21s45, ficou com a medalha de prata, enquanto Alain
Bernard, atual campeão olímpico dos 100 m livre, garantiu o
bronze com 21s49.
Com a conquista do bronze
nos 100 m livre, Cielo já havia
se tornado o primeiro nadador
brasileiro a obter uma medalha
individual na modalidade desde Atlanta-1996, quando Fernando Scherer -amigo e responsável pela profissionalização de Cielo- subiu no degrau
mais baixo do pódio na prova
em que Cielo triunfou ontem.
O último pódio do Brasil em
piscina olímpica havia sido o
bronze do revezamento 4 x 100
m livre, em Sydney-2000.
"Se eu pudesse voltar no
tempo, não mudaria nada até
chegar a este momento. Não
tem nada melhor do que levantar a cabeça e ver seu nome em
primeiro lugar", declarou o
campeão dos 50 m, emocionado, pouco depois de deixar a
piscina do Cubo d'Água.
"Agora é hora de rever minha
família. Estou morrendo de
saudade, foi muito tempo longe
de casa para conseguir essa medalha. Foi preciso muito trabalho, muita determinação. Agora vou comemorar com todos
eles", completou o nadador,
festejado pelos franceses que
chegaram depois dele ao final
da prova mais veloz da natação.
Os pais de Cielo, Flávia e César, gastaram cerca de R$ 40
mil para assistir, em pessoa, ao
filho ser campeão olímpico nos
Jogos da China.
Após as semifinais dos 50 m
livre, quando estabeleceu o então recorde olímpico de 21s34,
superado por ele mesmo ontem, Cielo havia dito que ainda
precisava melhorar e que buscaria a prova perfeita. Chegou a
prometer a conquista do ouro.
Para isso, teria, principalmente, de diminuir a adrenalina da conquista do bronze nos
100 m livre, obtido um dia antes. Com a medalha no peito, o
nadador havia virado celebridade na Vila Olímpica. Recebeu
muitos cumprimentos e mal
dormiu na noite seguinte.
Anteontem à noite, em Pequim, véspera da competição,
estava mais tranqüilo. Passou o
dia descansando e foi liberado
das eliminatórias do 4 x 100 m
medley. No quarto da Vila
Olímpica que divide com outros nadadores, brincava.
Antes da largada, colocou o
pé direito na baliza, benzeu-se
e olhou fixo para o fim da piscina. Parecia ter a tranqüilidade
para a prova perfeita. Para ser
campeão olímpico.
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