São Paulo, sábado, 16 de agosto de 2008

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FUTEBOL

Seleção enxerga divisor de águas contra Camarões

Derrota nas quartas-de-final pode deflagrar crise e derrubar Dunga

BRASIL
Time reencontra, na China, o algoz da Olimpíada de 2000. Horário: 7h

PAULO COBOS
ENVIADO ESPECIAL A SHENYANG

Vencer significa alívio, revanche, a chance de uma medalha em só um jogo. Perder é crise certa, continuação da fama de freguês do futebol africano e o adeus a mais uma chance de ganhar o inédito ouro olímpico.
Nenhuma outra partida que a seleção masculina fará na Olimpíada de Pequim tem tanto perfil de divisor de águas como a de hoje, às 7h, diante de Camarões, em Shenyang, com vaga na semifinal em jogo.
Passar pelos africanos significa que o Brasil terá feito o mínimo aceitável nos Jogos. Com o bom desempenho na primeira fase, mesmo que não ganhe o ouro, Dunga, que tem apoio irrestrito dos 18 jogadores que levou para a China, ganha força para manter o emprego na seleção principal, onde faz campanha sofrível nas eliminatórias, com três vitórias em seis jogos.
Também vai valer a primeira vitória contra um time africano depois dos fracassos diante da Nigéria, em 1996, e o mesmo Camarões, em 2000.
Ainda vai colocar as duas seleções de futebol na disputa por medalhas (as mulheres já estão nas semifinais depois do triunfo contra a Noruega). Isso em momento tenso nas relações entre CBF e COB e com as demais modalidades sem o esperado grande salto de medalhas.
Uma derrota vai deixar Dunga em situação delicada, assim como aconteceu com Vanderlei Luxemburgo, que caiu na mesma fase de quartas-de-final em Sydney, e também penava no time principal -foi demitido logo após o retorno ao Brasil.
O treinador segue em atrito com parte da imprensa, especialmente a Rede Globo, que detém o direito de transmissão dos amistosos da seleção.
Além do técnico, o confronto de hoje em Shenyang também é crucial para Ronaldinho. Perdendo, o meia-atacante ficará marcado como o único a estar presente nas duas eliminações olímpicas contra Camarões. Ganhando, o papel de líder que assumiu ganhará força também para a seleção principal.
Ontem, Dunga não falou com os jornalistas. Os jogadores, que adotam quase sempre o discurso do chefe, nem pensam na hipótese de uma nova derrota para Camarões.
"Eu não penso em eliminação. Mas todo mundo se sentirá responsável se [a eliminação] acontecer", afirmou Lucas.
"Eu só penso em coisas positivas. Imagino só o ouro. Se acontecer uma coisa ruim nesse caminho, penso nisso depois", afirmou o goleiro Renan, que, durante os Jogos, teve acertada sua transferência do Internacional para o Valencia.
O Brasil não tem nenhum problema de suspensão para hoje, ao contrário dos rivais, que não terão o meia Mandjeck, expulso no último jogo da primeira fase, contra a Itália.
Se passar por Camarões, que marcou apenas dois gols na primeira fase, o Brasil pega na semifinal a Argentina, no que seria um duelo entre Ronaldinho e Messi, ex-companheiros de Barcelona, ou Holanda, em duelo marcado para a próxima terça-feira, em Pequim.
O time vai amanhã para a capital chinesa de qualquer forma, ou para lutar pela medalha ou para deixar mais uma Olimpíada sem o ouro.


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