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FUTEBOL
Seleção enxerga divisor de águas contra Camarões
Derrota nas quartas-de-final pode deflagrar crise e derrubar Dunga
BRASIL
Time reencontra, na China, o algoz da Olimpíada de 2000. Horário: 7h
PAULO COBOS
ENVIADO ESPECIAL A SHENYANG
Vencer significa alívio, revanche, a chance de uma medalha em só um jogo. Perder é crise certa, continuação da fama
de freguês do futebol africano e
o adeus a mais uma chance de
ganhar o inédito ouro olímpico.
Nenhuma outra partida que
a seleção masculina fará na
Olimpíada de Pequim tem tanto perfil de divisor de águas como a de hoje, às 7h, diante de
Camarões, em Shenyang, com
vaga na semifinal em jogo.
Passar pelos africanos significa que o Brasil terá feito o mínimo aceitável nos Jogos. Com
o bom desempenho na primeira fase, mesmo que não ganhe o
ouro, Dunga, que tem apoio irrestrito dos 18 jogadores que levou para a China, ganha força
para manter o emprego na seleção principal, onde faz campanha sofrível nas eliminatórias,
com três vitórias em seis jogos.
Também vai valer a primeira
vitória contra um time africano
depois dos fracassos diante da
Nigéria, em 1996, e o mesmo
Camarões, em 2000.
Ainda vai colocar as duas seleções de futebol na disputa por
medalhas (as mulheres já estão
nas semifinais depois do triunfo contra a Noruega). Isso em
momento tenso nas relações
entre CBF e COB e com as demais modalidades sem o esperado grande salto de medalhas.
Uma derrota vai deixar Dunga em situação delicada, assim
como aconteceu com Vanderlei
Luxemburgo, que caiu na mesma fase de quartas-de-final em
Sydney, e também penava no
time principal -foi demitido
logo após o retorno ao Brasil.
O treinador segue em atrito
com parte da imprensa, especialmente a Rede Globo, que
detém o direito de transmissão
dos amistosos da seleção.
Além do técnico, o confronto
de hoje em Shenyang também é
crucial para Ronaldinho. Perdendo, o meia-atacante ficará
marcado como o único a estar
presente nas duas eliminações
olímpicas contra Camarões.
Ganhando, o papel de líder que
assumiu ganhará força também
para a seleção principal.
Ontem, Dunga não falou com
os jornalistas. Os jogadores,
que adotam quase sempre o
discurso do chefe, nem pensam
na hipótese de uma nova derrota para Camarões.
"Eu não penso em eliminação. Mas todo mundo se sentirá
responsável se [a eliminação]
acontecer", afirmou Lucas.
"Eu só penso em coisas positivas. Imagino só o ouro. Se
acontecer uma coisa ruim nesse caminho, penso nisso depois", afirmou o goleiro Renan,
que, durante os Jogos, teve
acertada sua transferência do
Internacional para o Valencia.
O Brasil não tem nenhum
problema de suspensão para
hoje, ao contrário dos rivais,
que não terão o meia Mandjeck, expulso no último jogo da
primeira fase, contra a Itália.
Se passar por Camarões, que
marcou apenas dois gols na primeira fase, o Brasil pega na semifinal a Argentina, no que seria um duelo entre Ronaldinho
e Messi, ex-companheiros de
Barcelona, ou Holanda, em
duelo marcado para a próxima
terça-feira, em Pequim.
O time vai amanhã para a capital chinesa de qualquer forma, ou para lutar pela medalha
ou para deixar mais uma Olimpíada sem o ouro.
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