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O AMALDIÇOADO
Com possibilidade de faturar US$ 1,7 milhão, Peru escolhe Monumental, que tem má fama
Peruanos apostam em "palco do azar"
DO ENVIADO A LIMA
A chance de faturar quase dois
milhões de dólares falou mais alto do que a superstição, e assim o
Peru escolheu um "palco maldito" para pegar o Brasil.
No lugar do acanhado estádio
Nacional, os peruanos resolveram mandar a partida de hoje no
Monumental, um dos estádios
mais modernos da América do
Sul, mas com fama ruim, por vários motivos, para o Peru.
Primeiro, pelo retrospecto da
seleção peruana lá. Nas eliminatórias para o Mundial de 2002, o
time jogou duas vezes no Monumental -perdeu para o Equador e empatou com a Bolívia.
"Futebol tem dessas coisas,
mas nós temos que estar acima
disso", diz o técnico Paulo Autuori, reconhecendo a opinião
popular sobre o campo.
O furor popular e também de
alguns jogadores, que preferiam
o duelo com os brasileiros no
Nacional, foi desprezado pelos
cartolas da federação peruana.
Com capacidade para quase 80
mil pessoas, o Monumental irá
proporcionar uma renda de US$
1,7 milhão. Para mostrar a grandeza do estádio, basta dizer que
este será o jogo de maior público
do Brasil fora de casa em eliminatórias nos últimos oito anos
-no qualificatório para a Copa-02, a seleção teve contra 65 mil
torcedores, na derrota por 3 a 0
diante do Chile, em Santiago.
Mas não é só pelo lado esportivo que o palco do duelo entre
brasileiros e peruanos é "amaldiçoado". A construção, feita
por um grande grupo empresarial, é recheada de polêmicas.
A mais famosa delas envolve
Vladimir Montesinos, o homem-forte no governo do ex-presidente Alberto Fujimori e
que hoje está preso nos arredores de Lima. Para "liberar" a
inauguração do estádio, Montesinos exigiu US$ 10 milhões, que
seriam gastos na construção de
um muro, "essencial para segurança", mas que tinha um valor
estimado de US$ 100 mil.
Três anos depois da sua inauguração, o Monumental ainda
dá dores de cabeça para as autoridades. Localizado em uma região de acesso difícil, o campo é
palco de brigas gigantescas nos
jogos locais e sua capacidade é
contestada pelos governantes,
que ameaçaram realizar o jogo
de hoje com portões fechados.
Para prevenir problemas, as
autoridades prometem forte esquema de segurança. Serão
5.500 policiais, ou quase quatro
vezes mais do que acontece nos
clássicos em São Paulo.
(PC)
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