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São Paulo, domingo, 17 de agosto de 2003

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Santo Domingo é a edição dos Jogos que mais se aproxima do ideal pan-americano, com 31 países presentes no pódio

Emergentes, nanicos mudam a história

DA REPORTAGEM LOCAL

Ninguém apostaria que a Venezuela conquistaria o ouro no vôlei masculino. Nem que a Bolívia conquistaria medalhas no ciclismo e no raquetebol. Ou que países como República Dominicana e Peru beliscariam ouros no caratê. No Pan em que os nanicos mostraram a sua força como nunca, nada disso parecia impossível.
Com o crescimento dos pequenos, os Jogos dominicanos foram os que mais se aproximam do ideal da Odepa, já que 31 dos 42 países que estiveram em ação conseguiram ao menos uma medalha. Apenas em Mar del Plata-95 fato idêntico aconteceu.
Forças emergentes, os micropaíses abocanharam 24,7% das medalhas do Pan até a noite de anteontem. Em Winnipeg, há quatro anos, eles haviam ficado com só 16,3% das premiações.
O recorde anterior, que fora obtido nos Jogos de Caracas-83, era de 19,2%. E foi a Venezuela, aliás, quem mais ameaçou os grandes.
Foi ela quem tirou do lugar mais alto do pódio a badalada seleção de Bernardinho. Foi ela quem dominou o caratê, ao levar quatro ouros. E foi ela quem, até o último momento, ameaçou a Argentina no quadro de medalhas. "Nosso desempenho foi excelente, sobretudo porque a cada dia é mais difícil competir contra os países que têm mais recursos", festejou Fernando Romero, presidente do Comitê Olímpico Venezuelano.
Comemoração que foi repetida em outros países sem grandes nomes no cenário esportivo. O Peru celebrou o ouro de Alexis Carbajal no caratê, na categoria até 47 kg. O lutador livrou o país de um incômodo jejum de 20 anos sem títulos pan-americanos.
"Nem sei o que dizer. Estou igualmente surpreso", confessou o carateca, diante da festa com que foi recebido ao chegar a Lima.
Santo Domingo deixará saudade até para países que ainda não comemoraram seu primeiro ouro em Pans. A Bolívia, que em toda a história conquistara só uma medalha, viajou com uma delegação diminuta de 38 pessoas. E voltou para casa com um bronze no ciclismo e outro no raquetebol.
A falta de estrutura não foi obstáculo para os micropaíses subirem ao pódio. A salvadorenha Claudia Landaverde ganhou a prata no individual feminino do tiro com arco só sete meses depois de ter se iniciado no esporte.
A conquista mostrou que o baixo nível de algumas provas também serviu para atletas amadores despontarem. El Salvador completou a melhor campanha de sua história, com mais uma prata no levantamento de peso e outro bronze no tiro com arco.
Até países que debutaram no pódio conseguiram mais do que esperavam. Granada levou para casa suas primeiras medalhas pan-americanas em duas provas concorridas do atletismo.
Alleyne Francique ficou em terceiro lugar nos 400 m. No feminino, na mesma prova, Hazel Ann Regis foi ainda melhor: ficou com a prata, sendo vencida apenas pela mexicana Ana Guevara, uma das maiores estrelas no atletismo do Pan. (ADALBERTO LEISTER FILHO)


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