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Santo Domingo é a edição dos Jogos que mais se aproxima do ideal pan-americano, com 31 países presentes no pódio
Emergentes, nanicos mudam a história
DA REPORTAGEM LOCAL
Ninguém apostaria que a Venezuela conquistaria o ouro no vôlei
masculino. Nem que a Bolívia
conquistaria medalhas no ciclismo e no raquetebol. Ou que países como República Dominicana
e Peru beliscariam ouros no caratê. No Pan em que os nanicos
mostraram a sua força como nunca, nada disso parecia impossível.
Com o crescimento dos pequenos, os Jogos dominicanos foram
os que mais se aproximam do
ideal da Odepa, já que 31 dos 42
países que estiveram em ação
conseguiram ao menos uma medalha. Apenas em Mar del Plata-95 fato idêntico aconteceu.
Forças emergentes, os micropaíses abocanharam 24,7% das
medalhas do Pan até a noite de
anteontem. Em Winnipeg, há
quatro anos, eles haviam ficado
com só 16,3% das premiações.
O recorde anterior, que fora obtido nos Jogos de Caracas-83, era
de 19,2%. E foi a Venezuela, aliás,
quem mais ameaçou os grandes.
Foi ela quem tirou do lugar mais
alto do pódio a badalada seleção
de Bernardinho. Foi ela quem dominou o caratê, ao levar quatro
ouros. E foi ela quem, até o último
momento, ameaçou a Argentina
no quadro de medalhas. "Nosso
desempenho foi excelente, sobretudo porque a cada dia é mais difícil competir contra os países que
têm mais recursos", festejou Fernando Romero, presidente do
Comitê Olímpico Venezuelano.
Comemoração que foi repetida
em outros países sem grandes nomes no cenário esportivo. O Peru
celebrou o ouro de Alexis Carbajal no caratê, na categoria até 47
kg. O lutador livrou o país de um
incômodo jejum de 20 anos sem
títulos pan-americanos.
"Nem sei o que dizer. Estou
igualmente surpreso", confessou
o carateca, diante da festa com
que foi recebido ao chegar a Lima.
Santo Domingo deixará saudade até para países que ainda não
comemoraram seu primeiro ouro
em Pans. A Bolívia, que em toda a
história conquistara só uma medalha, viajou com uma delegação
diminuta de 38 pessoas. E voltou
para casa com um bronze no ciclismo e outro no raquetebol.
A falta de estrutura não foi obstáculo para os micropaíses subirem ao pódio. A salvadorenha
Claudia Landaverde ganhou a
prata no individual feminino do
tiro com arco só sete meses depois
de ter se iniciado no esporte.
A conquista mostrou que o baixo nível de algumas provas também serviu para atletas amadores
despontarem. El Salvador completou a melhor campanha de sua
história, com mais uma prata no
levantamento de peso e outro
bronze no tiro com arco.
Até países que debutaram no
pódio conseguiram mais do que
esperavam. Granada levou para
casa suas primeiras medalhas
pan-americanas em duas provas
concorridas do atletismo.
Alleyne Francique ficou em terceiro lugar nos 400 m. No feminino, na mesma prova, Hazel Ann
Regis foi ainda melhor: ficou com
a prata, sendo vencida apenas pela mexicana Ana Guevara, uma
das maiores estrelas no atletismo
do Pan.
(ADALBERTO LEISTER FILHO)
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