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AUTOMOBILISMO
Aposentadoria de Olivier Panis, 38, eleva ferrarista à condição de piloto mais velho no grid de Interlagos
Schumacher estréia como "vovô" no Brasil
FÁBIO SEIXAS
DA REPORTAGEM LOCAL
Heptcampeão mundial, recordista de vitórias, pontos e voltas
mais rápidas da F-1, Michael
Schumacher vai estrear uma nova
condição no GP Brasil, em Interlagos, em uma semana: será o piloto mais velho do grid de largada.
Aos 35 anos (mais nove meses e
14 dias), o alemão ganhou esse
"presente" de Olivier Panis, 38,
que se despediu da categoria no
GP do Japão, no último domingo.
É uma novidade na carreira do
ferrarista, que nas última temporadas dividiu as pistas com veteranos como Jean Alesi, Heinz-Harald Frentzen e Panis. E sinal dos
tempos: desde que surgiu na F-1,
em 1991, aos 22 anos, ele sempre
se destacou pela precocidade.
No GP da Bélgica de 92, um ano
depois de sua estréia, Schumacher tornou-se o quarto piloto
mais novo a vencer uma corrida.
Tinha, então, 23 anos -depois
disso, foi superado por Fernando
Alonso, 22, e Kimi Raikkonen, 23.
Em 94, em Mônaco, tornou-se o
sétimo mais jovem a conquistar
uma pole. E, no final daquela temporada, por uma diferença pífia,
assumiu o posto de segundo piloto mais precoce a conquistar o título. Tinha, naquele GP da Austrália, 25 anos, dez meses e dez
dias. Era só duas semanas mais jovem do que o recordista, Emerson
Fittipaldi, no GP dos EUA de 72.
A partir do GP Brasil, o ferrarista começará a duelar na outra
ponta. E, logo de cara, já estreará
entre os top ten dos veteranos: oficializado em Interlagos como
heptacampeão, se tornará o nono
mais velho a levantar um título.
Em se tratando de Schumacher,
não deve, mesmo, parar por aí.
"A medicina esportiva evoluiu
muito na última década. Com um
bom trabalho, é possível aumentar a vida útil de um atleta", disse
José Rubens D'Elia, formado em
educação física, preparador do iatista Robert Scheidt e de pilotos
como Mario Haberfeld (Champ
Car) e Chico Serra (Stock Car).
"É possível que ele corra por
mais dez anos, desde que não tenha nenhum grande trauma, como um acidente grave. O que limita muito a carreira de um piloto é o estresse. Enquanto ele não
tiver nenhum concorrente forte e
o carro der uma folga que lhe permita relaxar, ele não sentirá tanto
o peso da idade", completou.
Vanderlei Pereira, preparador
de Rubens Barrichello e Felipe
Massa, acredita que o alemão tem
condições de manter o ritmo por
pelo menos mais cinco anos.
"Em competições de endurance, como a F-1 e a maratona, os
atletas atingem o pico entre 28 e
34 anos, que é a faixa do Schumacher hoje. Aos 40, começa a haver
uma queda da capacidade aeróbica e da massa muscular. Mas, até
lá, se estiver motivado, ele poderá
competir no nível de hoje", disse.
Em Interlagos, a média de idade
do grid será de 27 anos. Depois de
Schumacher, o mais velho hoje é
David Coulthard, 33, sem emprego para o ano que vem, seguido
por Jacques Villeneuve, apenas 12
dias mais novo, que correrá na
Sauber em 2005. Barrichello, 32, é
o próximo da lista. Os mais jovens
serão Christian Klien, 21, Timo
Glock, 22, e Gianmaria Bruni, 23.
E, como que para manter a rotina, Schumacher quebrará mais
um jejum caso vença no domingo: há 12 anos o piloto mais velho
do grid não ganha em Interlagos.
Em 92, a honra coube a Nigel
Mansell, então com 38 anos. O segundo foi outro veterano, Riccardo Patrese, 37. Um jovem promissor, cara de moleque, foi o terceiro. Era seu segundo pódio na F-1 e
ele vibrava como um louco. O seu
nome, Michael Schumacher.
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