|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
PINGUE-PONGUE
Belluzzo propõe acordo para a troca de poder
DA REPORTAGEM LOCAL
O economista Luiz Gonzaga
Belluzzo, 60, é o homem que fará, "enquanto estiver vivo", a
sombra de oposição a Mustafá
Contursi no Palmeiras.
Belluzzo, que pretende ser
candidato à presidência do clube pela chapa "Muda Palmeiras" nas eleições marcadas para janeiro do ano que vem, propõe uma sucessão "acordada"
no clube.
Um dos idealizadores do
contrato de parceria firmado
com a Parmalat, no início dos
anos 90, Belluzzo afirma que o
principal pecado da atual diretoria foi não saber retomar a
administração do clube do Parque Antarctica depois da saída
da multinacional italiana.
(EAR E LR)
Folha - Por que o Palmeiras deixou de ser competitivo?
Luiz Gonzaga Belluzzo - Mais
do que nunca isso depende da
capacidade de planejamento,
sobretudo de montagem de time. Hoje você precisa ter uma
equipe de profissionais que te
ajude a montar um time e antecipe a reposição de peças.
Folha - A crise palmeirense fez
crescer uma oposição que estava
dormente no clube?
Belluzzo - Isso tem a ver com
uma concepção equivocada de
administração que vem me incomodando há pelo menos três
anos. Perguntaram-me por
que eu iria apresentar minha
candidatura agora. É como se
você tivesse um grupo de pessoas intocáveis lá. Evidentemente há resistência e, francamente, essa é uma concepção
de clube assustadora.
Folha - Mas a oposição só vem
ganhando força neste ano. Até
então a atual diretoria não sofria
nenhuma resistência.
Belluzzo - É verdade. Nós deveríamos ter nos manifestado
quando ele [Mustafá Contursi"
mudou o estatuto para afastar
o Seraphim [del Grande, ex-vice-presidente de futebol, afastado em 1996". Aquilo foi um
verdadeiro golpe. Foi um acordo, e eu mesmo me calei. Fiz errado, muito errado.
Folha - No aspecto administrativo, qual foi o maior pecado da
atual diretoria do Palmeiras?
Belluzzo - Acho que o principal problema foi a transição da
Parmalat-Palmeiras para administração do Palmeiras de
novo. Esse foi o grande erro. O
clube não se preparou para essa mudança. O Mustafá ganhou de mão beijada a parceria
com a Parmalat, mas praticamente você não tem mais vestígios da passagem da Parmalat
pelo Palmeiras. Qualquer palmeirense sabe que o tempo inteiro houve uma hostilidade
com a Parmalat. Fizeram força
para a Parmalat sair do clube.
Poderia ter sido uma parceria
mais frutífera.
Folha - Existe a possibilidade
de o Palmeiras, sem parceiro forte, voltar a disputar títulos?
Belluzzo - Eu acho que sim,
mesmo sem um parceiro como
a Parmalat, porque isso foi uma
exceção no futebol brasileiro.
Não houve nenhum caso semelhante. Acho que temos a mesma possibilidade de outras
equipes. O Palmeiras é um clube que tem um potencial enorme a ser explorado economicamente. Com os recursos que
estão disponíveis, é possível fazer uma administração mais
eficiente e encontrar patrocínios pontuais. Se você tiver um
programa de marketing bem
feito, que valorize o clube.
Folha - O torcedor, então, terá
papel importante no clube...
Belluzzo - Eu passei como assessor do Ulisses Guimarães fazendo luta política por 20 anos.
Eu não sei se terei mais 20 anos
para passar. Entretanto, enquanto eu estiver vivo, tenho
de ficar na oposição. Eu acho
que seria mais sensato que o
Palmeiras mudasse, de maneira inteligente, atendendo ao
apelo da comunidade, de seus
torcedores, dos sócios do clube. Isso poderia ser feito de
uma maneira acordada. Não tive medo dos militares, também
não vou ter medo deles [da situação].
Texto Anterior: Crise do clube faz brotar oposição a Mustafá Contursi Próximo Texto: Na série A Índice
|