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Repescagem é a chance da Copa com 36
FERNANDO MELLO
DO PAINEL FC
A única saída para que o inchaço da Copa do Mundo de 2006
saia do papel é a inédita disputa
de uma repescagem já durante a
competição na Alemanha.
A Confederação Sul-Americana
de Futebol apresentará na reunião do Comitê Executivo da Fifa
de 29 de junho uma proposta que,
se aprovada, dará pela primeira
vez na história uma segunda
chance a quatro seleções.
Na reunião da última quarta-feira, em Santa Cruz de la Sierra,
na Bolívia, os principais dirigentes do futebol sul-americano detalharam proposta para convencer
Joseph Blatter e os colegas de Comitê Executivo a aumentar de 32
para 36 o número de seleções na
Copa do Mundo de 2006.
A proposta, que será enviada
antes do dia 10 de junho, foi concebida pelo uruguaio Eduardo
Deluca, secretário-geral da Sul-Americana e aceita de maneira
consensual pelos demais chefes
de federações. Pelo regulamento,
elaborado a pedido do Comitê
Executivo para diminuir o "desequilíbrio esportivo" que o inchaço traria, a distribuição das 36 seleções seria feita por meio de nove
grupos de quatro times cada um.
O campeão de cada chave estaria automaticamente classificado
para as oitavas-de-final. A eles se
juntariam os cinco melhores segundo colocados, classificados a
partir do maior número de pontos, melhor saldo de gols e maior
número de gols pró.
A inédita repescagem reuniria
quatro equipes e abriria a segunda fase da competição. Nela entrariam os quatro piores segundo
colocados. Em princípio, o sexto
enfrentaria o nono em um único
jogo. O sétimo pegaria o oitavo.
Os dois vencedores se uniriam
aos 14 já classificados e, a partir
daí, a Copa seguiria no formato
tradicional, com partidas únicas e
eliminatórias até a decisão final.
Mais que uma simples proposta, o regulamento defendido pela
Sul-Americana tem por objetivo
minar as críticas de Blatter, para
quem uma Copa com 36 seleções
equilibrada do ponto de vista técnico e desportivo só poderia
acontecer com um "milagre".
Durante toda a semana, o presidente da Fifa deu entrevistas mostrando-se totalmente contrário ao
inchaço. Ele afirmou no dia 3 de
maio que a ampliação estava acertada, mas sempre foi contra. "É a
Sul-Americana quem tem que encontrar uma solução um pouco
menos que milagrosa para manter a transparência da competição
e sem aumentar demais o calendário. É fácil dizer que 36 é bom,
mas apresentar uma solução é difícil", disse Blatter na quarta-feira.
Julio Grondona, presidente da
Associação de Futebol Argentino,
deu resposta ríspida. "Ele não se
dá conta que não pode ficar manifestando posições pessoais, pois
será o Comitê Executivo quem
decidirá. E, ali, Blatter é só um voto a mais", disse o vice da Fifa.
Os sul-americanos baseiam-se
em acordo feito com a Europa para garantir a vitória na votação do
Comitê Executivo no fim de junho. Como a Folha revelou em 13
de abril, os presidentes da Uefa e
da Conmebol selaram pacto para
aumentar o número de participantes já na Alemanha -os sul-americanos ficariam com cinco
vagas, os europeus, com 16.
Em carta enviada ao paraguaio
Nicolás Leoz, o sueco Lennart Jonhanson informa seu apoio à proposta. "Você deve estar bem-humorado por saber que há sinais de
que sua proposta sobre distribuição de vagas para cada confederação na Copa vai alcançar aprovação da maioria", escreveu o presidente da Uefa ao colega.
Pelas contas dos sul-americanos, em 3 de maio, dia em que
aconteceria a votação, a proposta
tinha o apoio de pelo menos 14
dos 24 membros do comitê.
Na avaliação dos três dirigentes
da Conmebol -Grondona, Leoz
e Ricardo Teixeira (CBF)-, Blatter não quis colocar o assunto em
discussão de forma definitiva para ganhar tempo e tentar inviabilizar a proposta sul-americana.
Hoje, há certeza na Conmebol
de que a Europa não votará toda
com Johansson. Apontam como
desertores o alemão Gerhard Mayer-Vorfelder, o francês Michel
Platini e o escocês David Will.
Os sul-americanos acreditam
ter o apoio de Jonhanson, Angel
Villar (Espanha), Issa Hayatou
(Camarões), Chuck Blazer (EUA),
Mohamed Bin Hammam (Qatar),
Junji Ogura (Japão) e Chung
Mong-joon (Coréia do Sul) -Vil-lar e Blazer já apontaram pontos
negativos ao inchaço.
Pela projeção, portanto, faltariam dois votos para a vitória. Esses sairiam dos ainda indecisos.
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