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Políticos pró e contra as comissões retomam disputa devido às eleições
Parlamentares da "bancada da bola" já travam novo duelo com desafetos para conseguir votos em outubro
CPIs do futebol agora sobem no palanque
JOÃO CARLOS ASSUMPÇÃO
MARCELO SAKATE
DA REPORTAGEM LOCAL
Em 16 de junho de 1950, quando
o Maracanã foi aberto ao público,
Getúlio Vargas era indicado pelo
PTB candidato à Presidência.
Logo depois, aproveitando o clima de euforia gerado pela estréia
vitoriosa da seleção no Mundial
daquele ano, o primeiro e único
até hoje abrigado pelo Brasil, foi a
vez de Cristiano Machado, do
PSD, e de Eduardo Gomes, da
UDN, fazerem o mesmo.
Não é de hoje, portanto, que futebol e política mantêm ligação.
Em tempos eleitorais, como já era
de se esperar, ela se estreita ainda
mais. Em tempos eleitorais pós-CPIs da bola, então, nem se fala.
Quem foi contra os trabalhos
das comissões de inquérito no
Congresso e quem foi a favor das
investigações das irregularidades
no futebol colocaram as manguinhas de fora e estão se aproveitando delas para tentar a reeleição.
É o típico caso de Álvaro Dias
(PDT-PR), que presidiu a CPI do
Futebol no Senado e concorre ao
governo do Paraná. Apesar de dizer que ""na campanha [sua participação nas investigações" não será utilizada, porque a opinião pública já irá creditá-la a mim", ele
explora o assunto na página de
abertura de seu site na internet.
E justifica: ""A CPI do Senado só
existiu por iniciativa minha, afinal, eu pedi sua instalação. Minha
participação e condução dos trabalhos foram fundamentais, por
isso merecem atenção especial".
Também é o caso do senador
Antero Paes de Barros (PSDB-MT), que concorre ao governo de
Mato Grosso e chegou a pedir a
renúncia de Ricardo Teixeira da
presidência da CBF.
""Pretendo abordar [na campanha" duas questões principais de
minha gestão no Senado. A participação na comissão de ética [que
votou a favor do parecer de Saturnino Braga, pedindo a cassação
dos mandatos de Antonio Carlos
Magalhães e José Roberto Arruda" e na CPI do Futebol", avisou.
Explicou que acha fundamental
ressaltar sua atuação na CPI ""não
por ter sido excepcional, mas pelo
lado ético, de ter sido digna das
tradições do Senado". Em seguida, porém, disse que não quer ser
inconsequente ""e usar a camisa
da seleção brasileira para ganhar
a eleição". ""Não preciso disso."
E nem poderia, acham aqueles
que combateram o trabalho das
CPIs. Eduardo Viana, presidente
da Federação do Rio e um dos investigados que apóiam mais uma
candidatura do vascaíno Eurico
Miranda à Câmara dos Deputados, diz que as investigações não
levaram a nada e só serviram para
jogar o dinheiro público no lixo.
"Depois que o Brasil foi penta,
eles ficaram com cara de tacho.
Apostaram no fracasso da seleção
para aparecer como salvadores
da pátria e deram com os burros
n'água. Se, com o que chamam de
desorganização, fomos penta, por
que pregar uma pretensa organização?", perguntou.
O deputado Luciano Bivar
(PSL-PE), que concorre como suplente ao Senado na chapa de
Carlos Wilson, concorda com
Viana. Ex-presidente do Sport e
atual presidente da Liga do Nordeste, ele acha que, com o penta, a
""bancada da bola", como ficou
conhecido o grupo parlamentar
de apoio a Ricardo Teixeira, provou que estava com a razão.
"A repercussão internacional
da conquista [no Japão" foi muito
maior e mais importante do que o
trabalho daqueles que quiseram
aparecer em cima de quem presta
um serviço sério ao futebol brasileiro", afirmou, por intermédio
de sua assessoria.
Independentemente da disputa
entre os membros da "bancada da
bola" e os que defendem o trabalho das CPIs, não serão todos que
usarão o futebol para se eleger.
Responsável pelo relatório do
Senado, Geraldo Althoff (PFL-SC) não será candidato e diz que
vai descansar a partir de janeiro.
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