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GUERRA FRIA
EUA
SÉRGIO DÁVILA
Veja que maravilha
É IMPOSSÍVEL narrar
eventos com mais de
duas horas na TV e
manter a inteligência, seja qual
for o evento, seja qual for a TV.
Essa é a conclusão a que esse
telespectador chegou depois de
assistir às quatro horas de cerimônia
de abertura e outras disputas
intermináveis da Olimpíada,
exibida aqui pela NBC.
Não é um telespectador qualquer.
Ele foi vacinado no Carnaval
carioca, em madrugadas
insones, ao som de bravos narradores,
que tentavam ao mesmo
tempo descrever o significado
do carro alegórico "Saci-
Pererê encanta Iracema na
Corte de Luís 15" e manter
acordados os que estavam em
casa e a eles próprios, depois da
entrada da enésima ala da enésima escola de samba.
Foi com alívio, então, que vi o
Âncora Matt Lauer, o jornalista
Esportivo BobCostas e o analista
de assuntos chineses Joshua
Cooper Ramo duelarem ao esgrimir
frases como "essa pode e
deve ser uma das Olimpíadas
mais polêmicas dos últimos
anos,mas veja que maravilha!".
Era o equivalente gringo do
nosso "repare a leveza do mestre-
sala, um dos membros mais
queridos da comunidade!".
Desde então, devo dizer que a
internet vem dando um banho
na cobertura. Primeiro, porque
você vê o que quer na hora que
escolhe-naTV,mesmo os gravadores
digitais deixam janelas
muito extensas quando se programa um jogo específico.
Depois porque a maior parte
dos narradores está aqui ao lado,
em Nova York, num estúdio
emprestado pelo programa
"Saturday Night Live", e não
em Pequim, como pode acreditar
o telespectador mais desavisado ou menos
atento.
Por fim, uma suspeita chata
empanou o trio de jornalistas
da cerimônia da abertura: discute-
se se sabiam ou não sobre
os "auxílios" visuais digitais
usados pelo cineasta Zhang Yimou
e não revelados ao telespectador.
Se sabiam e ficaram
quietos, colaboraram na encenação.
Se não sabiam, tomaram
gol no meio das pernas...
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