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Pagode anima e embala time de Scolari
Com Edílson como líder e professor, ritmo preferido já faz parte do cotidiano da seleção
DOS ENVIADOS A BARCELONA
A seleção brasileira já começou
os ensaios, e o pagode é o ritmo
escolhido pelos jogadores de
Luiz Felipe Scolari para embalar
a equipe na Copa do Mundo.
Para tentar amenizar o tédio
das concentrações, os jogadores
passam os intervalos dos treinos
escutando ou tocando pagode.
O arranjador do grupo é o atacante Edílson, do Cruzeiro. Bom
tocador de cavaquinho, ele ensina os primeiros acordes do instrumento para os seus companheiros de time.
Os frequentadores mais assíduos das aulas são o gaúcho Ronaldinho, do Paris Saint-Germain, e o volante mineiro Gilberto Silva, do Atlético-MG.
Eles estão sempre no quarto de
Edílson aprendendo a tocar o
instrumento que consagrou o
vascaíno Paulinho da Viola.
"Os dois são esforçados, mas
têm que aprender muito", diz
Edílson, que tem um estúdio de
música em Salvador, na Bahia.
Ele concilia a atividade esportiva com a de empresário de um
grupo de axé music -chega a ir
a programas de televisão para
promovê-lo.
A animação com o pagode, o
ritmo que mais faz sucesso entre
os jogadores brasileiros de futebol, já pôde ser percebida nos finais dos treinos da seleção em
Barcelona, onde o grupo de 23
convocados para a disputa da
Copa do Mundo se reuniu pela
primeira vez.
Enquanto aguardavam a partida do ônibus nos estádios em
que treinaram na capital catalã,
os "bambas" da seleção cantavam e batucavam nas janelas sucessos do pagode. Anteontem,
Ronaldinho e Edílson comandaram um animado samba dentro
do ônibus da seleção no início da
noite catalã. O pagode só terminou na chegada da delegação ao
luxuoso hotel em que esteve hospedada em Barcelona.
"Sempre gostei de samba. É o
ritmo mais alegra para animar as
pessoas", diz o jogador do Paris
Saint-Germain, o mais jovem entre os maiores entusiastas do ritmo no atual grupo da seleção.
O zagueiro Roque Júnior, do
Milan, e o volante Emerson, da
Roma, ajudaram na percussão.
Pretendente a pagodeiro no
grupo, o lateral Júnior, do Parma, que em 1999, na final do Paulista, brigou em campo com Edílson, admite que precisa se esforçar mais para entrar no ritmo.
""Faço um barulhinho no pandeiro e no tantã, mas tem uns
que tocam bem melhor. Mesmo
assim, o importante é a animação."
O volante Vampeta, do Corinthians, só chegou a Barcelona anteontem e acabou perdendo as
primeiras rodas de pagode, mas
é outro entusiasta das sessões
musicais. Ele é sócio de uma casa
noturna especializada em pagode em São Paulo.
O lateral-esquerdo Roberto
Carlos, do Real Madrid, que é fã
de música sertaneja, também
gosta de cantar com a turma do
pandeiro e do tamborim.
Apesar das diferenças entre as
gerações dentro do campo, o
samba, do qual deriva o pagode,
também foi o ritmo escolhido
pela seleção na Copa do Mundo
de 1982, disputada na Espanha.
Na época, o lateral-esquerdo
Júnior e o meia Sócrates, outro
que também é fã das duplas sertanejas, eram os principais animadores das festas.
Júnior até gravou uma música
que foi sucesso na competição e
cujo refrão ficou famoso no Brasil: "Voa, canarinho, voa, mostra
na Espanha o que eu já sei". Todas as vitórias do time nacional
(foram quatro antes do desastre
de Sarriá contra a Itália) eram comemoradas com muito samba.
Excluídos
O técnico Luiz Felipe Scolari e
os seus companheiros de comissão técnica preferem ficar longe
dos pagodeiros. Eles se sentam
nos primeiros bancos do ônibus.
O treinador da seleção é fã dos
Bee Gees, grupo inglês que foi sucesso da música pop nos anos 70.
Na bagagem para a Copa do
Mundo de 2002, ele colocou um
DVD da banda para animar a talvez tediosa rotina na concentração no Oriente.
Caso chegue até o final da Copa
Coréia/Japão, a delegação ficará
cerca de 50 dias longe do país.
Além da escala espanhola, o time
irá treinar também na Malásia,
que, assim como os dois países
que irão abrigar o Mundial, tem
ritmos musicais estranhos para
um brasileiro.
O meia-atacante Kaká e o goleiro Rogério, do São Paulo, ainda não aderiram aos pagodeiros.
Kaká é fã de gospel. Já Rogério
gosta de tocar no seu violão rock
e baladas.
(FÁBIO VICTOR, JOSÉ ALBERTO BOMBIG E SÉRGIO RANGEL)
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