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Subserviência na F-1 a jogo de equipe é recente
DA REPORTAGEM LOCAL
Os jogos de equipe na F-1 são
quase tão antigos como a categoria. A obediência de seus subordinados, no entanto, é um
fenômeno bastante recente.
Até meados dos anos 90, era
comum ver pilotos desobedecendo ordens em GPs. Carlos
Reutemann, Didier Pironi e
René Arnoux foram célebres
transgressores nos anos 80.
No GP Brasil de 1981, o argentino Reutemann recebeu uma
ordem de Frank Williams para
abrir caminho para Alan Jones.
A situação era ainda mais absurda do que a vista em Zeltweg: a prova carioca era apenas
a segunda daquela temporada.
Apesar dos apelos dos boxes,
Reutemann não cedeu. Cruzou
a linha de chegada em primeiro, 4s43 à frente de Jones.
Pelo resto da temporada, a
dupla da Williams continuou a
se digladiar. O resultado foi
péssimo para o time. Enquanto
Reutemann e Jones dividiram a
pontuação ao longo do ano
-levaram 49 e 46 pontos, respectivamente-, Nelson Piquet, da Brabham, foi campeão
com apenas 50 pontos.
No ano seguinte, a história se
repetiu. Mas na Ferrari, que havia eleito Gilles Villeneuve como primeiro piloto, tendo Pironi como coadjuvante.
Na quarta etapa do campeonato, o GP de San Marino, Pironi e Villeneuve iniciaram
uma disputa agressiva pela liderança. Preocupada, a Ferrari
mandou o francês se manter na
segunda posição. Pironi não só
desobedeceu como foi desaforado: ultrapassou Villeneuve
na última volta e venceu.
A rivalidade teve um resultado trágico. Nos treinos para a
corrida seguinte, na Bélgica, o
canadense morreu ao bater no
March de Jochen Mass enquanto tentava superar Pironi.
Seis corridas depois, a dupla
da Renault também passou por
uma situação de insubordinação. Arnoux liderava sua corrida de casa, o GP da França, em
Paul Ricard, quando recebeu
ordem para ceder a ponta para
seu companheiro, Alain Prost.
A exemplo do que aconteceu
com Rubens Barrichello, no último final de semana, Arnoux
havia feito a pole e vinha dominando toda aquela corrida.
Animado com a possibilidade de conseguir sua terceira vitória, o francês se fez de desentendido, acelerou ainda mais e
venceu com 17s308 sobre Prost.
Fruto da maior profissionalização da categoria, com acordos comerciais cada vez mais
astronômicos, as equipes passaram a tomar precauções para
evitar casos de desobediência.
Nos contratos, estipulam que
os pilotos devem obedecer
sempre as ordens dos boxes,
quaisquer que sejam. Até Michael Schumacher precisou
aceitar essa cláusula da Ferrari.
Como consequência, os jogos
de equipe passaram a funcionar com mais frequência. Em
1997, Eddie Irvine deu a vitória
para Michael Schumacher em
Suzuka. Na corrida seguinte,
em Jerez, Jacques Villeneuve,
da Williams, premiou a McLaren com uma dobradinha
-David Coulthard e Mika
Hakkinen o haviam ajudado na
luta contra Schumacher.
E, em 1998, Coulthard cedeu
a ponta para Hakkinen na Austrália, respeitando um acordo
selado antes da prova.
O primeiro jogo de equipe de
que se tem notícia data de 1956,
quando os pilotos de uma mesma escuderia podiam trocar de
carros durante uma prova.
No GP da Itália daquele ano,
a Ferrari forçou Peter Collins a
ceder seu carro para Juan Manuel Fangio. O argentino foi o
segundo colocado na prova e
conquistou o quarto dos seus
cinco títulos mundiais.
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