|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
FUTEBOL
A escola holandesa
A "sensação" da Euro-2008 é obrigada por contrato e por sua história a jogar bonito, não precisa ganhar a disputa
RODRIGO BUENO
DA REPORTAGEM LOCAL
EXISTEM quatro possibilidades
para um time, especialmente
no momento de um torneio
importante, como a Eurocopa.
Há a opção dos sonhos, o ""ideal",
que é a da equipe que joga bem e
vence. Há uma segunda forma, muito comum de alguns anos para cá,
que é a do esquadrão que não atua de
forma vistosa, mas que vence também. Há a terceira opção: jogar bem,
não se importando muito com o resultado, e perder. E existe, claro, a
quarta possibilidade: jogar mal e
perder (às vezes intencionalmente,
como nos casos de partidas arranjadas, jogos em que atletas querem
derrubar técnicos ou mostrar insatisfação com cartolas que não cumpriram o que fora acordado etc.).
A Holanda, na fase boa ou na fase
ruim, respira a terceira opção. Isso
explica a adoração geral pela seleção
laranja (You may say I'm a dreamer/
But I'm not the only one) e seu histórico fraco em termos de títulos.
Encerrada a fase de grupos, os holandeses mais uma vez conseguem
seu objetivo maior: encantam. Podem até ganhar pela segunda vez a
Euro, após 20 anos, mas muita gente
""apurou" que a equipe nem à final
chega, em especial se cruzar com a
Itália na semifinal. Claro, a Azzurra
é um exemplo de escola que posa de
segunda opção. Jogar bonito para
quê ou jogar bonito é algo relativo?
A metódica Alemanha nem sempre ganhou jogando ""feio", a técnica
França conquistou só uma Copa em
casa tendo como base a defesa...
Brasil e Argentina, as escolas mais
respeitadas aqui, são obrigados pela
história a fazer a primeira opção.
Contando o clássico (?) de ontem,
não conseguem jogar bem nem vencer como seus seguidores gostam.
Voltando à Holanda, cuja escola
não é a melhor, mas é ""diferenciada"
(termo na moda), Van Basten fez
parte de uma geração laranja que viveu a primeira possibilidade (Euro-88), a terceira (Euro-92) e também a
quarta (Copa-90). Bem, ele assumiu
a Holanda com a inédita obrigação
contratual de jogar bonito. Não havia conseguido até esta Euro, mas
deixará o cargo após a disputa cumprindo o que pede o seu contrato.
Vencerá? Isso não está no papel.
HOLANDESA
Um amigo jornalista, fã de Felipão
como quase todos, falava comigo
em meio à final da Copa dos Campeões e cravou o gaúcho como o
melhor técnico da Euro-08. ""Quem
seria melhor que o Felipão dentre
os classificados?", perguntou-me o
viajado companheiro, sabendo que
Capello só iria ver pela TV a disputa. ""Guus Hiddink", respondi. Ele
pensou no holandês. Não retrucou.
GAÚCHA
Felipão, que venceu muitas vezes
na raça e com drama, tem hoje um
belo time na mão. Superando hoje
a ""tática" Alemanha, é superfavorito na semifinal. Sinto que o gaúcho
torce para decidir com... a Holanda!
rbueno@folhasp.com.br
Texto Anterior: Fora: Técnico alemão pega 1 jogo de suspensão Próximo Texto: Lesão afasta Brasil do pódio na areia Índice
|