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VELA
Trabalho iniciado após 2004 coroa dupla brasileira
Fernanda e Isabel buscam intercâmbios e dissecam palco olímpico para alcançar resultado histórico
Após marcar adversárias israelenses na última regata e superarem amigas de treino, velejadoras fazem festa em família no píer
DO ENVIADO A QINGDAO
Ao aportar no píer de Qingdao, o barco de Fernanda Oliveira e Isabel Swan foi erguido
por familiares e grupo de apoio,
com as duas atletas dentro. A
euforia era a principal conseqüência de uma história iniciada após a Olimpíada de 2004.
Isabel atribuiu o êxito da dupla à experiência de Fernanda
e, da parte dela, à dedicação.
Sem segredo. "Na segunda volta, quando estávamos perto do
barco de Israel e distante da flotilha, senti confiança. Era só
usar a cabeça", falou Fernanda.
E foi o que aconteceu. Elas
não deram chances às rivais.
A gaúcha Fernanda já tinha
experiência de duas Olimpíadas (Sydney-00 e Atenas-04),
sempre como timoneira.
Após atuar, em 2004, sem a
preparação adequada e com um
barco defasado, de 1999, enquanto rivais tinham o do ano,
Fernanda montou um projeto
olímpico, com investimento
em treino, intercâmbio e equipamento, visando Pequim.
Até então, era apenas sonho.
Não havia resultados expressivos. Mesmo assim, convenceu
patrocinadores e obteve a garantia de investimento no ciclo
2004-2008. Faltava decidir
quem seria sua proeira, que na
470, a classe mais técnica da vela olímpica, tem também papel
decisivo na embarcação.
Fernanda escolheu a carioca
Isabel, então com 21 anos (hoje
tem 24), que aceitou o convite e
se mudou para Porto Alegre,
para treinar no rio Guaíba.
A dupla superou expectativas
desde o início. Com um ano
juntas, em 2006, elas ficaram
em quarto na Semana de Kiel,
na Alemanha, a mais tradicional disputa da vela. De lá para
cá, colocaram-se entre as dez
primeiras em seis das 7 competições de peso que disputaram.
Um desses eventos, o Mundial-06, foi em Rizhao, na China. Ficaram em quarto, melhor
resultado da vela feminina do
país em classes olímpicas em
Mundiais e Olimpíadas até então. Ainda em 2006, veio outro
quarto lugar, na Pré-Olímpica,
na mesma raia de Qingdao onde, agora, conquistaram o
bronze olímpico. Na ocasião,
enfrentaram as mesmas condições climáticas, com ventos
fracos e forte correnteza.
As dificuldades vistas à época
fizeram com que as atletas atacassem em duas frentes: precisavam treinar de forma mais
apurada, com intercâmbios, e
ser bem rigorosas a cada passo.
Devido a isso, Fernanda e
Isabel passaram a ter como
constantes colegas de treino as
italianas Giulia Conti e Giovanna Micol, líderes do ranking
mundial antes de Pequim e fortes concorrentes na China
-obtiveram o quinto lugar.
"Só no mastro, fizemos medição de três diferentes para ver
os detalhes de cada um. Foi um
trabalho de detalhe, e uma
Olimpíada é feita de detalhes",
disse Fernanda, que, além de
um barco de ponta, contou com
preparadora física, fisioterapeuta e psicólogo. Até seu corpo foi moldado para melhor
executar as estratégias de regata -a dupla ajustou tanto o peso de uma como da outra.
Após a definição da regata da
470, que teve ainda as austríacas Elise Rechichi e Tessa Parkinson (ouro, com 43 pontos
perdidos) e as holandesas Marcelien de Koning e Lobke Berkhout (prata, com 53 pontos
perdidos) no pódio, as brasileiras, com 60 pontos perdidos,
festejaram e acertaram contas.
Na zona fechada do píer, invadida por brasileiros na festa
da chegada, Fernanda não perdeu tempo e cobrou promessa
do noivo Diogo: "Fiz a minha
parte, agora é a sua. Ele disse
que, se eu ganhasse medalha, ia
pendurá-la no pescoço no dia
do casamento [em novembro].
Eu vou bonita, com meu vestido". Ao lado, Diogo declarou
que vai cumprir: "Ponho a medalha por cima da gravata".
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