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GUERRA FRIA
EUA >> SÉRGIO DÁVILA
American Superfish
ASSISTI À VITÓRIA de
uma das milhares de
medalhas de ouro de
Michael Phelps num bar de esportes, essa famigerada instituição norte-americana em que
homens e (poucas) mulheres se
unem para tomar cerveja (mais
ou menos) quente, comer
amendoim (mais ou menos)
borrachudo e gritar alto com as
telas de dezenas de televisões
de tela plana espalhadas entre
as prateleiras de bebidas.
Sem som, apenas com "closed caption", as legendas com
transcrição simultânea do que
as pessoas estão falando. Primeira impressão: o gigante com
orelhas de abano, que lembra
um pouco o ator-dançarino de
"Billy Elliot", é o único capaz de
desviar a atenção dos beberrões dos resultados da rodada
do fim de semana de beisebol.
Segunda impressão: o uso do
inglês pelos torcedores chineses dá uma nova dimensão à
língua. Phelps foi apelidado pelos locais de "American superfish", superpeixe americano,
que lembra o título da série
trash que o SBT exibia nos anos
80, "Super-Herói Americano"
(The Greatest American Hero),
aquela da trilha "Believe it or
not, i'm walking on air".
A empolgação da torcida chinesa é o tema do Raul, aqui do
lado. Estou mais interessado na
atualização interessante que os
chineses dão ao inglês. No fim
de semana passado, eu havia
comprado um livro, "Chinglish", que compila traduções
encontradas por americanos
em placas, avisos e sinais em
viagens pelo país. Pouco depois, uma colega de Washington mandou e-mail com outras.
São hilariantes, traduções literais de expressões ou confusão com palavras de duplo sentido. Uma delas: "Morrer aqui é
estritamente proibido" (morrer - die; tingir - dye; imagina-se que a intenção original era
dizer "É proibido pichar").
Mas são mais que hilariantes.
Quando 1,3 bilhão de pessoas
falam inglês de certa maneira, é
mais fácil que elas afetem a língua do que o contrário. O American Superfish veio para ficar.
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